Vírus pode deixar três milhões doentes

O Hospital Curry Cabral já tem um plano de contingência interno para responder à ameaça pandémica. Circuitos especiais de circulação de doentes e 16 salas de isolamento são as principais armas desta unidade de saúde para combater a propagação do vírus. Mas o grande projecto do hospital é um laboratório de biosegurança e detecção precoce de H5N1 em humanos, que começará a ser construído em Junho, com o financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian. Segundo o presidente do Conselho de Administração do hospital, Pedro Canas Mendes, “este laboratório terá tecnologia de ponta”.

Mais de três milhões de portugueses poderão ficar doentes em caso de pandemia. O cenário é considerado “provável” pelo Instituto Ricardo Jorge, num relatório publicado esta semana pela Direcção-geral de Saúde no seu novo microsite da gripe. Atento às previsões, o Hospital Curry Cabral – um dos hospitais de referência em caso de pandemia – está na linha da frente da preparação para a ameaça. Até ao final do Verão, deverá ter construído o primeiro laboratório de detecção precoce de H5N1 em humanos.

No mais optimista dos cenários (com uma taxa de ataque de 25% sobre a população), a ocorrência de uma pandemia de gripe deixará Portugal a braços com uma média de 2,6 milhões de casos e 1,4 milhões de consultas, sendo necessários para as realizar 1742 médicos por semana. Para esse cenário estão previstas 33 mil hospitalizações e oito mil óbitos.

A perspectiva mais pessimista (a que corresponde a taxa de ataque de 35%) aponta para 3,6 milhões de casos e 1,9 milhões de consultas. Para as realizar serão necessários 2438 médicos por semana. O retrato mais negro fala de 46 mil pessoas a precisaram de ser hospitalizadas. Pior: 11 mil não sobreviverão. Mas a meio caminho das estimativas de impacto da pandemia está o cenário que contempla uma taxa de ataque de 30%. E aí estima-se que 3,1 milhões de pessoas tenham gripe e 1,7 milhões recorram a consultas médicas. Dessas, 39 mil terão de ser hospitalizadas e 9571 morrerão da doença.

“Foi considerado oportuno que os cenários, ainda preliminares, fossem divulgados de forma a permitir que a comunidade dos decisores e planeadores de saúde tenha uma percepção precoce da dimensão que o impacto da pandemia pode atingir”, lê-se no relatório. É que “é plausível que possa ocorrer, a breve prazo, uma pandemia de gripe que, certamente, não poupará Portugal”, acrescenta o documento.

Segundo a subdirectora-geral da Saúde, Graça Freitas, as estimativas são feitas com base na experiência do passado e no comportamento humano face à gripe sazonal. No entanto, “nenhum de nós sabe como será realmente a pandemia e estas previsões nem têm em conta a maior virulência do vírus”, diz. Graça Freitas garante, no entanto, que “tudo está a ser acautelado”. Do medo da chegada da gripe aviária ao país ao pânico que pode levar os portugueses a fechar-se em casa e deixar de ir trabalhar, “tudo está a ser previsto”.

Os especialistas consideram que o vírus H5N1 da gripe das aves – que matou milhões de aves e 96 pessoas no sudeste asiático desde 2003 – é o melhor candidato a uma mutação que o tornará capaz de se transmitir entre humanos, dando origem a uma pandemia. Os peritos concordam ainda noutra questão: o próximo Inverno será perigoso.

Fonte: DN

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …