Últimas chuvas de Abril atenuam níveis de seca

A seca que atinge o País desagravou-se na última quinzena de Abril, mas o balanço global do mês passado revela um agravamento do cenário em relação a Março. Segundo os dados revelados ontem pelo Instituto da Água (Inag), 63% do território estão hoje em situação de seca extrema ou severa, o que representa um decréscimo em relação aos 80% registados a 15 de Abril. Apesar do “desagravamento” quinzenal, o Governo considera que a situação é ainda “preocupante” e visa simplificar o regime de licenças para furos e reforçar o controlo sobre a qualidade da água para consumo e a biodiversidade. Segundo o relatório, esta é “a pior seca meteorológica dos últimos 25 anos”.

“Estamos pior em Abril do que em Março, sobretudo no Alentejo e Algarve”, afirmou ontem o secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, após a segunda reunião da Comissão para a Seca 2005. De acordo com o relatório, entre 31 de Março e 30 de Abril verificou- -se”um agravamento da situação” de seca severa e extrema, passando-se de 52% para 63 % do território afectado. No entanto, a precipitação que ocorreu na região norte permitiu uma segunda quinzena de Abril mais positiva do que a primeira. Os últimos 15 dias caracterizam-se pelo decréscimo dos caudais nas linhas de água e pela estabilização dos armazenamentos em albufeiras.

Numa análise mensal da quantidade de precipitação, os especialistas explicam que Abril foi “seco a extremamente seco”, com valores inferiores aos médios para este mês em todo o País. As situações mais graves mantêm-se no Algarve e Alentejo, onde esse valor não ultrapassou 20% do valor médio. Aliás, analisando os dados de precipitação acumulada desde 1 de Outubro de 2004 a 30 de Abril deste ano, a situação é “a pior dos últimos 105 anos nas estações de Beja e São Brás de Alportel” e está “entre as duas e três piores em Lisboa e Évora, respectivamente”. Nalgumas regiões, sobretudo do Centro e Sul, “os valores são os mais baixos dos últimos 65 anos”.

Devido às chuvas recentes no Norte, o número de pessoas que viram afectado o abastecimento de água baixou nos últimos 15 dias de 32 mil para 8400. O que, segundo o secretário de Estado, se deve sobretudo à precipitação que ocorreu no concelho de Bragança, retirando-o desta lista negra. O caso mais preocupante é o de Peso na Régua, com 4051 pessoas afectadas, seguido de Viseu, com 3000. Mas, diz, “não há conhecimento de portugueses sem abastecimento de água”.

Os volumes armazenados nas principais albufeiras do País estabilizaram, “de um modo geral”. No entanto, no Centro, Alentejo e Algarve os valores de Abril continuam “significativamente abaixo da média mensal” normal. Nas albufeiras de Roxo e Vigia, o Governo vai recorrer a pescadores profissionais para diminuir as elevadas quantidades de peixe em pequenas concentrações de água e evitar problemas por falta de oxigénio. O impacto da seca na biodiversidade levou ainda a Comissão a anunciar um plano de contingência do Instituto de Conservação da Natureza, sobretudo para a bacia do Guadiana, onde dez espécies piscícolas estão ameaçadas.

Embora no anterior relatório o Governo tenha colocado todo o território em nível 1 de prevenção, os últimos dados mostram que 60 municípios desencadearam já, voluntariamente, medidas de nível 2 e 20 de nível 3. O secretário de Estado recusou-se, porém, a adiantar quais as autarquias a que o Governo vai recomendar a subida de nível, já que é preciso cruzar os dados das regiões em seca hidrológica e meteorológica. É muito alta a probabilidade de a seca se manter no Sul durante este mês.

Fonte: DN

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …