Transvases são solução para água

Especialista diz que Portugal tem muita disponibilidade de água mas gere mal.

Num ano de seca como este, todas as soluções para disponibilizar água são bem-vindas. Os transvases constituem uma possibilidade para que Portugal consiga, no futuro, gerir melhor a sua água, criando infra-estruturas que permitam fazer chegar este recurso aos locais onde se registam as maiores carências. O caminho é apontado, em época de seca extrema, pela presidente da Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos.

Teresa Leitão alerta que o nosso País consome apenas 7,5 mil milhões de metros cúbicos de água por ano – distribuídos em 7% no consumo doméstico, 5% na indústria e 87% na agricultura – quando as reais disponibilidades são de 112 mil milhões de metros cúbicos. 12 mil milhões nas albufeiras, quando estão cheias, e 100 mil milhões nos sistemas aquíferos.

“Ora, se só precisamos de 7,5 milhões de metros cúbicos, é óbvio que não temos a água bem gerida, porque ela existe na origem, mas não chega onde faz falta”, refere Teresa Leitão, para quem reside aqui o cerne da seca a que se assiste em Portugal. “A partir do momento em que se consiga aproveitar o que está disponível, temos esse problema resolvido”, assevera, alegando que o País não deverá ter preconceitos em abordar a questão dos transvases. “Neste momento já existem transvases em Portugal, só que não se chamam assim. Alqueva, na bacia do Guadiana, faz transvases para o Sado. Esse fantasma já não tem razão de ser”, insiste aquela responsável para quem há formas viáveis de garantir o sucesso das operações.

Este género de infra-estruturas consiste na criação de canalizações, abertas ou fechadas, dependendo dos quilómetros que a água vai ser transportada e da evaporação existente nas respectivas zonas, por forma a interligar os grandes sistemas, levando água em alta entre os diversos locais. Segundo Teresa Leitão, a maior parte das vezes até se consegue que estes transvases aconteçam dentro da mesma bacia hidrográfica, sendo que o caso de Lisboa é apontado como um exemplo curioso que deve ser seguido em Portugal.

“Lisboa não bebe água de nenhum furo, nem de uma captação feita ali ao lado. A água vem de 100 quilómetros, porque os técnicos da altura foram analisar onde havia água em quantidade e qualidade suficiente para levar da origem ao seu destino”, recorda a presidente da Associação dos Recursos Hídricos, para sustentar que, “na prática, é isso que temos de fazer para as outras povoações e não podemos só pensar em Lisboa.”

Em Espanha, a questão dos transvases tem lançado uma grande contestação, não só por parte dos ambientalistas, como da comunidade científica. Aliás, o programa de transvases de grande envergadura é apelidado de “hidro-biológico”, na medida em que, segundo alguns especialistas, acarreta um estilo de desenvolvimento completamente insustentável.

Fonte: DN

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