Tomate: Governo quer desligamento parcial ajudas para defender fileira e indústria

O Governo defende o desligamento parcial das ajudas da produção de tomate, ao contrário dos produtores, porque está em causa a sobrevivência de uma fileira de actividade, principalmente da indústria transformadora, afirmou ontem o ministro da Agricultura.

Jaime Silva falava aos jornalistas após a conferência de imprensa conjunta com a ministra da Agricultura e Pescas da França, Christine Lagarde, que esteve em Lisboa para analisar os assuntos a discutir na presidência portuguesa da União Europeia, a partir de 01 de Julho.

Na semana passada, em entrevista à agência Lusa, o vice-director da Associação Nacional das Organizações de Produtores (ANOP), Gonçalo Escudeiro, defendeu que os produtores portugueses de tomate “não têm medo” do desligamento total das ajudas, “na condição de ser assim em todos os Estados-membros” da União Europeia.

O responsável pela área do tomate no seio da associação, que representa 80 por cento da produção nacional deste produto, disse que o facto de Portugal ter, a este nível, os agricultores mais produtivos da Europa, faz com que a proposta da Comissão Europeia de desligamento total seja encarada sem receios, sempre na condição de que seja assim em todos os Estados-membros.

“De futuro só irá produzir quem for produtivo. Fruto da evolução dos últimos 10 anos, temos os agricultores mais produtivos da Europa”, disse, realçando ainda a qualidade do tomate português, devido a condições naturais “muito adaptadas”, pelos solos férteis, excelência da água e clima.

Já a Associação dos Industriais do Tomate (AIT) defende que, com o desligamento total das ajudas da produção, os agricultores vão preferir deixar de cultivar e continuar a receber os apoios, deixando as fábricas de ter matéria-prima para laborar, o que implicaria o seu desaparecimento.

A indústria de transformação de tomate, uma das mais eficientes a nível mundial e mais competitivas de Portugal, representa uma facturação de 145 milhões de euros, com as exportações a atingirem 93 por cento do total, e é responsável por 5.500 postos de trabalho.

Hoje, o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas disse que percebe a posição dos produtores que “querem o desligamento total” para terem a liberdade de produzir o que escolherem.

Mas, “o Governo tem o dever de analisar a fileira completa e esta é importantíssima para o país”, com a indústria de transformação de tomate a dar um contributo importante para a economia nacional, através da produção, exportações e emprego.

Com o desligamento total, as fábricas deixariam de ter matéria-prima para trabalhar e “toda a indústria iria morrer”, invalidando todo o investimento que tem sido feito na modernização das unidades, realçou Jaime Silva.

O ministro defendeu a opção pelo desligamento “para garantir matéria-prima para a indústria”, mas ao mesmo tempo poder “existir liberdade para os agricultores escolherem a cultura que pretendem fazer”.

Portugal é o sexto maior produtor mundial de tomate e o segundo no ranking da maior industrialização do sector, exportando a indústria cerca de 93 por cento da produção, essencialmente para a UE, Japão e Médio Oriente.

Fonte: Agroportal

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