Subida de temperaturas pode agravar ‘língua azul’

A subida das temperaturas, acima dos 20 graus, poderá agravar a febre catarral em Portugal já durante este mês. A Direcção-Geral de Veterinária admite a aplicação de novas restrições à circulação de gado, caso haja indícios de propagação daquela doença, mais conhecida por “língua azul” e que afecta, sobretudo, os ovinos.

O director-geral de Veterinária diz que “as preocupações são moderadas”, revelando ao DN que as medidas a adoptar serão tomadas consoante o evoluir da situação. “Com o frio intenso do Inverno, o vector deixou de ter actividade e é provável que volte a ficar activo com o calor, mas não sabemos quando isso poderá acontecer”, diz Carlos Agrela Pinheiro.

O mesmo responsável garante que há uma série de medidas de vigilância no terreno que permitem “uma maior tranquilidade”. Entre estas, destacam-se a vacinação de um milhão de ovinos – falta vacinar 400 mil cabeças de gado até finais de Abril – e a montagem de autênticas sentinelas em pontos estratégicos do território nacional.

Há animais colocados em algumas zonas consideradas vulneráveis, sobretudo no Sul do País, próximo da fronteira com Espanha, funcionando como isco para o mosquito portador do vírus. Foram instaladas armadilhas para capturar insectos nas regiões com temperatura elevadas e muita humidade. São pequenas caixas que contêm sinais para atrair o mosquito, tendo em vista a realização de análises.

Ainda assim, o sector não esconde a apreensão face ao efeito que a subida das temperaturas poderá ter no “regresso” da “língua azul”, embora Francisco Carolino, presidente da Federação Portuguesa de Associações de Bovinicultores sustente que, actualmente, “o risco é mais pequeno do que no ano passado, uma vez que os ovinos estão vacinados e não há infectados”.

Este dirigente reconhece que a proximidade da raia pode agravar o problema, mas acrescenta que o facto dos produtores de ovinos espanhóis terem a totalidade do efectivo vacinado “transmite-nos uma segurança não existia no passado.

Em finais de 2004 mais de cinco mil explorações de gado no Alentejo tiveram falta de alimentos para os efectivos pecuários por causa da “língua azul”. A doença restringiu o movimento dos animais, impossibilitando a venda de 45 a 50 mil cabeças que deveriam ter sido transaccionadas até ao final do ano. A falta de pasto nos campos, devido à seca, levou os produtores a recorrerem à compra de alimentos compostos e grosseiros.

Entretanto, o Ministério da Agricultura pediu a devolução de ajudas financeiras de combate à doença aos produtores que não declararam o número de animais até ao dia 25 de Fevereiro. A Associação Distrital de Agricultores de Castelo Branco já pediu a intervenção do ministro da tutela, Jaime Silva, para prolongar o prazo.

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