Seca pode condicionar abertura da próxima época de caça

A próxima época de caça vai ser sujeita a restrições devido à seca que atravessa o País. São os próprios caçadores que se mostram disponíveis para tomarem medidas que permitam poupar algumas espécies cinegéticas que estarão mais vulneráveis, tendendo a concentrar-se nos poucos pontos de água que vão existir, sendo “presas fáceis” para atiradores e predadores.

Ouvidos pelo DN, os representantes dos regimes ordenado e livre concordam que terá de haver contenção, sendo que o presidente da Federação Portuguesa de Caça (Fencaça), Jacinto Amaro, garante que as limitações à actividade cinegética serão feitas pelos próprios proprietários das reservas associativas e turísticas. “Não admitimos que ninguém nos venha dar lições sobre o que é a vida selvagem”, ressalva, respondendo às associações de ambientalistas que também já começaram a alertar para este problema. A Fencaça acrescenta ainda que quando chegar a altura da caça irá lançar uma campanha para aconselhar os seus associados a não abrirem as reservas, sobretudo as que se situam nas zonas mais afectadas pela seca.

Jacinto Amaro diz que “a maioria dos proprietários conhecem o problema e nem precisam de aconselhamento”, alertando que a Fencaça não irá aceitar “nada por decreto”, nem cortes no calendário venatório. “Nós é que conhecemos o campo e sabemos que o cenário é muito grave”, insiste.

Também a Federação Nacional de Caçadores e Proprietários (FNCP), que representa o regime livre, está disponível para cooperar, alegando o secretário-geral, Eduardo Biscaia, que “talvez se justifique uma moratória”, durante a próxima época para garantir mais caça no futuro, reportando-se a coelhos, lebres e perdizes. O mesmo dirigente já definiu, inclusivamente, um plano de acção, sugerindo um interregno entre Outubro e Novembro, podendo os caçadores irem para o terreno entre Dezembro e Fevereiro, mas na condição de caçarem apenas aves migradoras. Justifica Eduardo Biscaia que estas espécies não procuram Portugal pela água, mas pela azeitona e bolota, no caso concreto do pombo.

Os coelhos, as lebres e as perdizes são as espécies mais ameaçadas pela seca. A ausência de chuva não permitiu a chamada lavagem dos solos, o que possibilitou uma maior propagação dos parasitas, provocando a febre hemorrágica vírica que continua a matar a população de coelhos em grande escala. Já as perdizes vão sendo confrontadas com a falta de vegetação, tendo-se chegado a uma altura crítica em que os proprietários das reservas de caça vêem com bons olhos que Bruxelas envie para Portugal os excedentes de cereais, a preços mais reduzidos, por forma a abastecer os milhares de comedouros que neste momento já estão espalhados pelos campos do Alentejo, onde também não faltam bebedouros.

A seca comporta ainda uma agravante para as perdizes, na medida em que terão dificuldade em fazer eclodir os pintos. Durante o mês de Maio os perdigotos deverão começar a nascer, mas o levantamento feito nos campos dá conta de que a casca dos ovos está muito seca custando a romper.

Fonte: DN

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …