Seca atinge produtores de leite da Arrábida

Já não bastavam as urbanizações que paulatinamente têm vindo a tomar conta de muitos dos terrenos que constituíam as pastagens para os rebanhos nos sopés da Arrábida e, este ano, os produtores de ovelhas leiteiras da região vivem outro drama, relacionado com a falta de chuva. A seca está a obrigar os produtores de leite a comprar fenos e pastos para a alimentação dos ovinos, o que acarreta custos agravados e leva a perdas de rendimento consideráveis.

Pedro Fontes, da Associação Regional de Criadores de Ovinos da Serra da Arrábida (ARCOLSA), em declarações ao JN, frisou que “o problema é que passou o Inverno quase todo sem chover e a produção hipotética de fenos e pastagens, estimada nos últimos meses, não existiu”. Para fazer face a este problema, adiantou, “as pastagens que os nossos associados tinham de sementeiras tiveram que ser largadas ao gado”.

Assim, e com as reservas de alimentação esgotadas, com as pastagens quase no fim, a solução para a ARCOLSA e produtores de ovelhas leiteiras passa pela aquisição de alimentação. Este custo suplementar, referiu Pedro Fontes, “leva todos os que têm gado, a perder dinheiro”.

O JN procurou saber se este aumento dos custos se traduzirá no preço final ao consumidor do Queijo de Azeitão, produzido a partir do leite daquelas ovelhas leiteiras. Para este responsável da ARCOLSA tal não deverá acontecer, já que, afirmou, “a nível da produção as coisas vão-se mantendo, o pior é mesmo para os produtores de leite, que vão perder muito dinheiro”.

Refira-se que, e se até agora os rebanhos têm pastado livremente no interior do Parque natural da Arrábida, a proposta de Plano de Ordenamento daquela área protegida, que se encontra em fase final de aprovação, impõe algumas restrições a este nível.

A Câmara Municipal de Palmela evocou mesmo esta como uma das razões que justificaram o seu parecer negativo àquela proposta.

Mas se a falta de chuva ameaça as pastagens existentes, há outro factor com que os ovelheiros da região têm de lidar e que tem efeitos permanentes nas pastagens. Isto porque, muitos dos terrenos por onde os rebanhos pastavam nos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, estão hoje urbanizados. Pedro Fontes lamenta esta redução das pastagens, face “à pressão permanente que os terrenos sofrem por parte dos urbanizadores”.

Entre outros exemplos, a Quinta do Anjo, no concelho de Palmela, é um caso sintomático. Aí, a população triplicou nos últimos anos e terrenos antes utilizados pelos rebanhos deram lugar a urbanizações como os Portais da Arrábida, Palmela Village e toda uma série de empreendimentos que surgiram em seu redor.

Fonte: JN

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