Nutrição: Ingestão de gelados diária permitida numa dieta equilibrada

Um estudo sobre alimentação ontem apresentado num congresso no Porto indica que se pode comer diariamente um gelado desde que a refeição inclua legumes, sopa e fruta, que atrasam a absorção do açúcar.

O estudo foi elaborado por Olívia Pinho, docente da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação da Universidade do Porto, a pedido da Associação Nacional dos Industriais de Gelados Alimentares.

“O importante é que se integre este alimento numa refeição completa e que se tenha em atenção o rótulo que acompanha o gelado”, frisou Olívia Pinho na apresentação dos resultados preliminares de um estudo inédito em Portugal que visa o conhecimento nutricional deste alimento.

à margem da apresentação do estudo, no âmbito de um congresso organizado pela Associação Portuguesa de Nutricionistas, no Porto, Olívia Pinho explicou aos jornalistas que é possível inserir a ingestão de gelados num plano alimentar “equilibrado”, conhecido pelos profissionais da nutrição.

Contudo, alertou, se isto é “fácil” de transmitir aos nutricionistas, é “muito perigoso” dar esta ideia à população em geral, que ainda não sabe bem o que é realmente uma dieta alimentar equilibrada.

A análise da composição nutricional desenvolvida pela docente universitária testa a possibilidade de introduzir um gelado à sobremesa numa dieta alimentar que integre legumes, sopa e fruta.

“Os gelados contêm açúcares de absorção rápida, mas se os ingerirmos misturados com alimentos, eles entram de uma forma mais lenta e portanto não tem os mesmos efeitos de comer um alimento rico em açúcar”, sustentou.

Em relação aos rótulos, a investigadora alerta para o facto de “ter que se olhar sempre” para a composição do gelado antes de o ingerir.

“Deve-se ter em conta o valor calórico, mas sobretudo o teor de hidratos de carbono e dos açúcares mais difíceis, como a sacarose”.

Ainda assim, sublinhou, deve-se olhar “com particular atenção” para os gelados denominados “light”, pois apesar destes cumprirem a legislação que define a obrigatoriedade de terem menos 30 por cento de valor calórico, este valor “não é tudo”.

Há outras variáveis importantes a ter em conta, como o nível dos hidratos de carbono, referiu a autora do estudo.

Nas crianças com actividade física regular o princípio é o mesmo – “o gelado nunca deve ser consumido quando se tem fome, mas sim depois de qualquer outro alimento, preferencialmente no final de uma refeição”.

Para a população geral, os melhores gelados segundo Olívia Pinho são os de leite, pois tem um teor de proteína muito próxima de 100 gramas de leite meio-gordo.

Encomendado pela Associação Nacional dos Industriais de Gelados Alimentares, o estudo comprova que em 100 gramas de gelado de leite, um adulto com actividade física moderada encontra 10 a 15 por cento do total calórico diário recomendado, 05 a 10 por cento de proteínas, 07 a 17 por cento de cálcio e 10 a 15 por cento de vitamina B2.

No entanto, se tivermos perante um grupo de pessoas para quem o açúcar é um problema, o melhor será optar pelos chamados de “água”, assim como as pessoas com excesso de peso, já que estes têm menos gordura.

No grupo de doentes que sofrem de obesidade ou diabetes, os gelados também são permitidos “desde que integrados num plano alimentar individualizado”.

Sob o ponto de vista nutricional, afirma, os nutrientes mais relevantes dos gelados são os hidratos de carbono (entre os 22 e os 30 gramas por 100 gramas), normalmente sob a forma de sacarose (o vulgar açúcar branco) ou derivados de milho, como a dextrose.

Os teores em lípidos/gorduras encontrados situam-se entre os 0 e os 10,7 gramas por cada 100 gramas de gelado.

Fonte: Lusa

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