Lisboa: Limpeza de terreno em Campolide para plantar girassóis e cereais

Cerca de 50 mil euros foi quanto custou à Câmara de Lisboa a limpeza de parte de um terreno em Campolide para plantar girassóis e, daqui a algum tempo, cereais.

O sucesso desta experiência não se tem até aqui revelado famoso, com as flores plantadas na quinta do Zé Pinto viçosas durante cerca de mês e meio, mas neste momento ressequidas e feias, como ficarão mais um mês, até serem ceifados para a produção de óleo alimentar.

«Em meados de Julho deixámos de as regar», explica o dirigente da Associação Nacional de Produtores de Cereais e Oleaginosas, Bernardo Albino, salientando que o seu objectivo nunca foi embelezar esta zona da cidade, mas sim desenvolver uma experiência pedagógica ligada à produção agrícola. Daí que há um mês os girassóis tenham sido deixados morrer à sede. «Se continuassem a ser regados ainda podiam manter-se mais duas ou três semanas verdes. Mas esse não é o seu ciclo natural de vida», explicou o presidente da associação parceira da autarquia de Lisboa na iniciativa.

Por seu lado, o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, quando ajudou a fazer a sementeira explicou que queria também criar «um terreno bonito para as pessoas poderem passear», a «custo zero». Acontece que o terreno se manteve vedado até hoje, e que a EPUL – Empresa Pública de Urbanização de Lisboa gastou perto de 50 mil euros na sua limpeza, que entregou à Vibeiras por ajuste directo. Um facto que Sá Fernandes garante desconhecer.

Em relação à visita de escolas ao local, Bernardo Albino hesita, dando a entender que a vertente pedagógica do projecto não está, ainda, totalmente consolidada, acabando por dizer que a produção de girassóis foi visitada por umas dez escolas. Um dado que é desmentido pelo presidente da Junta de Freguesia de Campolide.

Jorge Santos afirma que «só lá foram miúdos uma vez, ver terra batida com sementes plantadas», mostrando-se indignado, tencionando apresentar uma moção na Assembleia Municipal de Lisboa no mês que vem a pedir responsabilidades ao vereador dos Espaços Verdes.

Para o responsável, se o terreno tivesse sido cedido aos moradores dos bairros do Tarujo e Padre Cruz para hortas sociais estes teriam feito a sua limpeza a custo zero e as crianças poderiam seguir de perto o «fabrico» dos legumes que comem em casa: couves, alfaces e tomates.

Apesar de a Quinta do Zé Pinto ser de maiores dimensões, apenas foi limpa uma área de hectare e meio, correspondente à zona onde foram plantadas as flores. Uma opção que, tal como o fim da rega, é criticada por quem ali mora ao pé. Criada na província, Lurdes Azevedo, uma costureira reformada cuja casa dá para o campo de girassóis secos, acha que alguma coisa correu mal.«Isto foi plantado fora de tempo. É por isso que ficou assim», disse.

Participar neste projecto, que incluiu acabar os trabalhos de limpeza do terreno e semear os girassóis, custou à Associação de Produtores de Cereais e Oleaginosas cerca de oito mil euros. Bernardo Albino frisa que o trabalho não fica por aqui: a partir do Outono serão plantados trigo e eventualmente cevada. «Antes de ser limpo, o terreno tinha entulho, que era descarregado clandestinamente à noite», relata.

Fonte: Público e Confagri

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