Gripe das Aves: local de infecção dificulta propagação entre humanos

Cientistas descobriram que o vírus da gripe das aves tem dificuldade em propagar-se entre pessoas porque se fixa num local tão profundo do sistema respiratório que é difícil ser expelido pela tosse ou pelos espirros.

No entanto, os peritos avisam que o vírus pode alterar esse comportamento através de uma mutação genética, dando eventualmente origem a um surto mundial de gripe mortal.

O estudo, de uma equipa da Universidade de Wisconsin-Madison (Estados Unidos) dirigida pelo virologista japonês Yoshihiro Kawaoka, vem publicado na edição de quinta-feira da revista britânica Nature.

Paralelamente, um trabalho com resultados semelhantes, do Centro Médico Erasmus de Roterdão (Holanda), será também publicado quinta-feira na edição online da revista Science.

Os vírus de gripe vulgares propagam-se quando uma pessoa infectada tosse ou espirra, expelindo pequeníssimas gotas que passam o germe a outras.

Assim, o vírus tem de se instalar nos sítios certos do aparelho respiratório humano para ser ejectado na tosse ou num espirro.

Segundo o novo estudo, o vírus H5N1 da gripe das aves infecta os seres humanos num local demasiado baixo do sistema respiratório para que tal aconteça.

As duas equipas de investigação usaram tecido humano colhido de várias partes do sistema respiratório, do nariz aos pulmões, para estudar a localização da infecção do vírus.

Os cientistas já sabiam que os vírus da gripe das aves escolhem uma zona específica «de atracagem» para entrar nas células que infectam, enquanto que os vírus da gripe humana se estabelecem noutro local.

A equipa do professor Kawaoka descobriu que os vírus aviários parecem «atracar» sobretudo nas células pulmonares, sendo raramente encontrados em células de zonas mais elevadas, como o nariz e a traqueia, que são as preferidas pelos vírus humanos.

Segundo Kawaoka, para que o H5N1 se torne um vírus pandémico (transmissível de homem para homem), terá de sofrer uma mutação que o leve a usar a zona de chegada usada pelos vírus humanos, sendo ainda necessárias outras mutações, precisou Kawaoka.

Sabe-se que mais de 180 pessoas foram infectadas em todo o mundo pelo vírus H5N1 da gripe das aves, a maioria delas por contacto com aves de capoeira contaminadas.

Todavia, os cientistas têm vindo a advertir que o vírus, propenso a mutações, pode transformar-se numa versão que se propague facilmente entre humanos, provocando uma pandemia.

Fonte: Diário Digital

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