Genoma do milho revela que tem mais genes do que um ser humano

O complexo genoma do milho, que tem mais genes do que o dos seres humanos (32 mil, quando o do homem ronda os 20 mil) acaba de ser sequenciado. Os resultados são hoje publicados na revista “Science” e em duas outras revistas científicas e podem ajudar a entender a complicada história de um dos cereais mais cultivados

O milho tem um genoma tão complexo porque tem origem em duas plantas que se fundiram

O genoma do milho tem 2,3 mil milhões de pares de bases químicas que formam as cadeias de ADN, quando o dos humanos têm 2,9 mil milhões. Mas tem apenas dez cromossomas, em vez dos 23 dos seres humanos.

Cerca de 85 por cento dos segmentos de ADN do milho estão repetidos em diferentes pontos do genoma, o que complica o trabalho de sequenciação, sublinham os cientistas. “Sequenciar o genoma do milho foi como guiar por uma estrada sem nada à volta durante muitos quilómetros, avistando apenas postes de sinalização muito esporadicamente”, comentou Sandra Clifton, da Universidade Washington em Saint Louis (EUA), a instituição que coordenou os esforços das várias equipas norte-americanas que participaram neste trabalho, publicado ainda nas revistas “Proceedings of the National Academy of Sciences” e “Public Library of Science – Genetics”.

“Tínhamos como que um mapa rudimentar para nos guiar, mas por causa da natureza repetitiva do genoma, alguns dos marcos assinalados no terreno estavam errados. Foi preciso o esforço dedicado de muitos cientistas para identificar a localização correcta de muitos dos genes”, disse Clifton, citada num comunicado de imprensa da sua universidade.

Estas repetições dificultam muito o trabalho de leitura e montagem da sequência do genoma, mas são também um reservatório de material para manter a complexidade do genoma do milho. Reestruturam-no, geram diversidade genética e influenciam os padrões de actividade dos genes.

As plantas muitas vezes têm mais do que um genoma combinado — é o que acontece com o milho, que é o resultado da combinação dos genes de duas plantas selvagens da América Central.

À medida que a planta foi evoluindo, alguns genes perderam-se, outros foram mudando de sítio, outros ainda adquiriram novas funções, resultando no complexo genoma da planta que dá tanto para fazer pipocas como broa ou até combustível (embora consuma quase tanta energia a produzir como a que fornece).

Fonte: Público e Confagri

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …