Café: Portugal criou mais de 90 por cento das variedades resistentes a doenças

Mais de 90 por cento das variedades de café resistentes a doenças em todo o mundo foram criadas em Portugal, através dos estudos de um centro de investigação que celebra sexta-feira o 50º aniversário.

Apesar de não ser produtor de café, Portugal é líder mundial na pesquisa das doenças que atingem esta planta, graças ao trabalho do Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC), criado em 1955.

“Este centro é único no mundo, já que caracteriza a virulência e as estirpes das principais doenças do café, que podem levar a perdas de produção na ordem dos 70 ou 80 por cento”, disse à agência Lusa Vítor Várzea, investigador do CIFC.

Integrado no Instituto de Investigação Científica Tropical, o CIFC desenvolveu variedades de café resistentes às principais doenças e doou-as posteriormente aos países produtores, permitindo que estes evitassem a utilização de pesticidas nocivos ao ambiente.

A criação destas variedades fez diminuir as perdas de produção nos países cafeicultores, onde o cultivo assegura um elevado número de postos de trabalho, estimando-se que cerca de 25 milhões de famílias em todo o mundo dependam de actividades ligadas ao café.

O café é uma das exportações agrícolas de maior valor comercial, com um volume mundial de vendas superior a 90 mil milhões de dólares por ano.

O prestígio internacional do CIFC a nível da investigação levou o Brasil a lançar uma variedade comercial de café a que deu o nome de “Oeiras”, a localidade portuguesa onde está instalado este centro, criado há 50 anos a partir de um acordo entre os governos português e norte-americano.

Perante a ameaça de poder chegar ao continente americano a principal doença do café, a ferrugem, os Estados Unidos da América estabeleceram na década de 50 um protocolo para a criação do CIFC em Portugal, tendo em conta que o país reunia as condições ideais para desenvolver a investigação.

Além dos importantes conhecimentos sobre café adquiridos pelos portugueses nas colónias de então como São Tomé, Moçambique ou Timor, o facto de Portugal não ser produtor permite ao país estudar as doenças dos cafeeiros, importando genes patogénicos para investigação sem o risco de contaminar culturas.

O CIFC mantém uma cooperação com mais de 40 países produtores de café que inclui o fornecimento gratuito de cafeeiros resistentes a doenças e a formação de investigadores estrangeiros, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento.

Fonte: Agroportal

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