Ambientalistas preocupados com efeito do abate de árvores sobre a água

A Liga para a Protecção da Natureza (LPN) alertou hoje para as consequências da desflorestação e do abate ilegal de sobreiros sobre os aquíferos, lembrando que a falta de água também tem efeitos sobre a sua qualidade.

Os aquíferos (reservatórios de água subterrânea), sublinham os ambientalistas num comunicado, também sofrem os efeitos da seca “e actividades que impliquem uma menor recarga ou uma maior extracção, tornam-nos mais susceptíveis a contaminantes ou à intrusão salina no litoral”.

A LPN mostra-se preocupada com os efeitos do abate ilegal de sobreiros conjugados com a “generalizada falta de ordenamento do território”, sobre a qualidade da água e recarga do aquífero da margem Sul do Tejo.

Além da redução da pluviosidade provocada pela desflorestação intensiva, a LPN refere ainda o efeito cumulativo das alterações do uso do solo, “como é o caso das actividades que consomem e poluem a água (campos de golfe, jardins, agricultura intensiva, efluentes domésticos e industriais) ou que levam à impermeabilização do solo e alteram o escoamento das águas pluviais”.

Empreendimentos turísticos, urbanizações, “um possível aeroporto na zona em questão e o prenunciado TGV” poderão ter, segundo a Liga, “um forte impacto não só ao nível da recarga do aquífero, mas também da qualidade da sua água que deveria ser entendida como uma importante reserva estratégica”.

Entre as medidas que a LPN gostaria de ver concretizadas contam-se a diminuição de perdas de água na captação e distribuição, protecção dos aquíferos, maior investimento na floresta e adequação das culturas e práticas agrícolas às actuais condições climáticas.

Para combater a seca, a Liga preconiza soluções de médio e longo prazo, em detrimento das estratégias de emergência que podem implicar a degradação dos recursos hídricos “se não forem devidamente disciplinadas”, como as captações e furos.

A União Europeia está a preparar novas directivas sobre protecção dos solos (que deverá estar pronta no final do ano) e sobre as águas subterrâneas (em fase de discussão pelos Estados-membros) que vão ter implicações ao nível das práticas agrícolas e no planeamento urbano e, indirectamente, sobre a qualidade dos recursos hídricos.

A frequência da ocorrência de anos de seca aumentou no último século: em 80 anos (1900-1980) registaram-se em Portugal oito episódios de seca, enquanto nos últimos 20 anos foram já contabilizados seis.

Fonte: Agroportal

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