Desastres causados pelo clima nalgumas regiões podem ser benéficos para outras situadas a milhares de quilómetros de distância, indica um estudo hoje publicado pela revista Science.
O exemplo mais claro referido no estudo, realizado com imagens de satélite fornecidas pela NASA, é o que acontece na cordilheira dos Himalaias, onde a redução da camada de gelo cria condições para um aparecimento abundante de flora no Mar Arábico.
A redução da neve e dos gelos aumentou as diferenças, tanto de temperatura como de pressão entre o subcontinente indiano e o Mar Arábico, segundo o artigo.
As diferenças de pressão geram ventos que revolvem as águas na zona ocidental daquele mar, criando condições para o desenvolvimento das pequenas plantas flutuantes que constituem o fitoplancton, elemento inicial da cadeia alimentar do mar.
Segundo Joaquim Goes, investigador do Laboratório Bigelow de Ciências Marinhas no estado do Maine (EUA) e autor do estudo, as alterações climáticas que o planeta regista são a causa principal da redução do gelo e da neve na região euro-asiática e dos Himalaias.
Por outro lado, “as alterações ligadas aos ventos e o aumento do fitoplancton no Mar Arábico poderão ter importantes consequências no ecossistema da região”.
De acordo com o grupo de cientistas que acompanhou Goes na investigação, os Invernos mais quentes na região da Eurásia são desde 1997 a causa principal do aumento de plantas marinhas naquele mar, situado a milhares de quilómetros de distância.
E os ventos, entre os quais os das monções, são o factor principal de um aumento de 350 por cento da biomassa do fitoplancton ao longo das costas e de 300 por cento no alto mar.
“Estes resultados ilustram a forma como as alterações físicas em grande escala podem influir nos processos biológicos de outras regiões, inclusivamente quando estão separados por grandes distâncias”, dizem os cientistas.
Fonte: Lusa