O presidente da Associação dos Produtores Engarrafadores dos Vinhos do Porto e Douro (Avepod) propôs hoje a criação de uma sociedade comercial que junte todos os pequenos produtores como forma de enfrentar a globalização do sector.
Esta é a “única alternativa à globalização do sector, que progressivamente se transforma em multinacionais que afectam praticamente toda a gente”, explicou Luís Roseira numa nota enviada à agência Lusa.
“A região demarcada do Douro atravessa uma situação progressivamente mais difícil quanto à cultura dominante, vitivinicultura, que passa por uma crise anunciada”, refere o responsável, destacando a diminuição da procura e comercialização dos vinhos de Denominação de Origem Controlada (DOC) do Porto e Douro.
A manter-se esta tendência, Luís Roseira antevê que, “cedo ou tarde”, os pequenos produtores independentes “tenham de vender os vinhos ao comércio, com perda do capital de notoriedade das suas actuais marcas”.
A proposta de Luís Roseira prevê a criação de uma nova estrutura empresarial, sob a forma de sociedade por quotas ou anónima, aberta apenas a “viticultores, produtores engarrafadores, cooperativas de vinificação e pequenas empresas vinícolas”, e, eventualmente, a capital de risco.
A participação no capital da nova empresa seria proporcional ao volume de produção de cada sócio, pretendendo-se com esta união dar “a dimensão, o know-how e a capacidade técnica e financeira que a cada um dos agentes, isoladamente, falha”.
O projecto prevê ainda a aquisição pela nova empresa do direito de usar as “marcas mais notórias” dos sócios ou accionistas e o “abandono de todas as demais marcas”.
O pagamento dos vinhos aos produtores associados seria feito a um valor “indexado ao preço de venda no mercado”.
A nova sociedade teria uma “administração independente e profissional, de modo a garantir a equidistância relativamente aos membros associados”, sustentou Luís Roseira que, no documento, propõe como primeiras medidas de implementação do projecto o estabelecimento de contactos entre potenciais sócios ou accionistas e a criação de uma comissão ou grupo de trabalho com a função de definir o plano de negócio da sociedade.
O presidente da Avepod defende que o coordenador daquela comissão ou grupo de trabalho deveria ser “estranho à região, mas especialista na matéria”.
Fonte: Lusa