Subida do preço do leite baseia-se na evolução do mercado mundial

O aumento do preço do leite, estimado em 15 por cento, baseia-se no mercado mundial, onde se regista uma procura muito forte face à oferta, além dos custos da actividade dos produtores terem subido 30 a 35 por cento em 2007.

Falando perante os deputados, na Assembleia da República, o secretário de Estado adjunto da Agricultura e Pescas, Luís Vieira, recordou que os preços se fixam no mercado e, no ano passado, «os produtores de leite enfrentaram um acréscimo entre 30 e 35 por cento» das matérias-primas, como os cereais que alimentam os animais.

Durante os últimos meses, os preços dos cereais registaram subidas muito acentuadas, que chegaram a ultrapassar 40 por cento, devido ao interesse que passaram a suscitar para produção de biocombustíveis, aumentando a procura.

No caso do leite, como referiu Luís Vieira, «o desfasamento entre oferta e procura» também está relacionado com o aumento do seu consumo em países como Índia ou China.

No entanto, o secretário de Estado, que acompanhava o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, Jaime Silva, numa audição no Parlamento, realçou o dinamismo do sector da produção de leite.

Este sector seguiu um processo de reestruturação, modernização e desenvolvimento, melhorando a produtividade e a rentabilidade aos produtores.

As opiniões acerca da situação do sector do leite não são consensuais e para alguns deputados da oposição, a escassez de leite no mercado português também se relacionam com as políticas seguidas nos últimos anos.

O deputado Abel Baptista, do CDS/PP, defendeu, em declarações à agência Lusa, que a política seguida desde há 20 anos é de apoiar mais a indústria que a área produtiva onde os subsídios se destinavam a incentivar o abate de animais.

De qualquer modo, Portugal não conseguiu preencher a totalidade da quota de produção de leite que lhe é atribuída em cada campanha por Bruxelas, e naquela que termina no final de Março, a produção no Continente deve ficar quase 10 por cento, ou entre 100 mil e 140 mil toneladas, aquém do limite imposto pela União Europeia (UE).

Como explicou à agência Lusa, em meados de Dezembro, o secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), Fernando Cardoso o mercado «está a funcionar» e confere aos produtores o estimulo do preço, mas «existem dúvidas acerca da sustentabilidade» dos actuais valores.

Dados da Fenalac revelam que a produção de leite no Continente sofreu, na campanha 2006/2007, uma redução de cerca de 70 milhões de litros, enquanto na campanha em curso, iniciada em Abril de 2007 e que termina em Março, prevê-se uma quebra na ordem dos 140 milhões de litros de leite.

Esta previsão significa que a quota atribuída ao Continente não fica aproveitada, representando um subpreenchimento de cerca de 10 por cento.

A produção de leite no Continente atingiu 1.334 toneladas na campanha 2006/07 (Abril de 2006 a Março de 2007) contra 1.405 toneladas um ano antes, para um número de produtores que também desceu de 10.083 em 2005/06 para 8.711 na campanha terminada em Março. A Comissão Europeia propôs um aumento das quotas para próximas campanhas.

Fonte: Confragi

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