Sonae e Auchan prometem 1400 empregos

Estes dois operadores, em conjunto, representam 64,3 por cento dos 93 hipermercados que poderão voltar a funcionar sem restrições de horários caso o Presidente da República promulgue a lei que revoga a atual, nascida há 14 anos para proteger o comércio tradicional.

No ramo não-alimentar outras 98 lojas poderão também funcionar em pleno, como a Decathlon, de artigos de desporto, ou a Ikea, de mobiliário. No total são 191 grandes superfícies. Caso passem a abrir mais horas, criarão novos empregos diretos. Serão 2000, segundo o Governo, e 5000 segundo a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). Ambas as estimativas recebem duras críticas da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP).

“As grandes superfícies não geram o emprego que se faz crer. Em 1999, o comércio empregava 751 mil pessoas. Dez anos depois, com mais quatro milhões de metros quadrados de área comercial, emprega 753 mil”, garante João Vieira Lopes, presidente da CCP. Mesmo que se verifique o cenário mais optimista da APED, a realidade contrastará fortemente com o que se passava há 14 anos. Nessa altura os retalhistas anunciaram que teriam de despedir 3000 pessoas caso o Governo do socialista António Guterres limitasse os horários de funcionamento – como veio a acontecer até hoje.

Nada será como dantes
Agora que as grandes superfícies estão prestes a voltar aos moldes daqueles tempos, em teoria, seriam repostos esses 3000 empregos. Todavia, se as contas do atual Governo do socialista José Sócrates estiverem corretas, e se criarem 2000 empregos, ainda ficarão de fora mil pessoas. Isto, se o número de lojas fosse igual ao da época. Mas hoje, só entre a Sonae e a Auchan existem 60 hipermercados. Uma tem 39 e a outra 21. Em 1996, cada uma delas tinha apenas oito hipermercados.

Se a lei entrar em vigor e as autarquias permitirem que todas as lojas abram sem restrições, a Auchan empregará uma média de 19 pessoas por cada um dos seus 21 hipermercados. Na Sonae, a estimativa de empregos teve em conta os seus 39 hipermercados Continente e um supermercado Modelo, que também fecha aos domingos e feriados à tarde por ter mais de dois mil metros quadrados. Espera ainda alargar o horário de duas das suas insígnias especializadas (da Sonae SR): uma Worten e uma MaxMat. A Sonae empregará uma média de 23,8 pessoas por cada loja.

No total serão mais 200 empregos do que os previstos há dois anos pelo então presidente da Sonae Distribuição, Nuno Jordão, que estimava 800. Em relação ao impacte na faturação da empresa Modelo Continente (atual Sonae MC), anunciou uma subida de 5 por cento. Agora a Sonae é mais prudente. Prevê crescimentos entre 2 por cento e 5 por cento.

Sonae mais prudente
“Desde 2008 a conjuntura económica mudou e o mix do parque de lojas também é bastante diferente em Portugal”, diz fonte oficial da Sonae. “O número de supermercados aumentou face aos hipermercados. O impacto da abertura dos hipermercados ao domingo à tarde e feriados é menor em termos relativos do que seria em 2008”. Há dois anos, os hipermercados geravam 27 por cento das vendas nacionais de produtos de grande consumo.

Caíram para os 25 por cento no ano passado, segundo dados da Nielsen.Os supermercados subiram para os 46 por cento quando em 2008 representavam 43 por cento do total de vendas. E as chamadas lojas de desconto, como o Lidl, estabilizaram nos 17 por cento, após umpico histórico de 18 por cento em 2007. Comparando com 2008, a Sonae MC, maior retalhista do país, tem mais dois hipermercados e mais 10 supermercados. São 39 lojas Continente e 126 Modelo. Os lucros antes de impostos e amortizações (EBTIDA) cresceram dos €187 milhões em 2008, para os €199 milhões em 2009.

Fonte: Anil

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