Sector do tomate discute futuro do cultivo

A quinta edição da Feira Nacional do Tomate arranca sexta-feira em Mora, concelho alentejano situado no centro da produção nacional, numa altura em que “a crise atinge o sector”, anunciou hoje a organização.

Aberto até domingo com a participação de 35 expositores, o certame, promovido pelo município local, inclui um debate sobre “a incerteza que se vive no sector”, a realizar sábado no Pavilhão Municipal de Exposições.

Segundo a autarquia, o seminário, que reúne industriais, agricultores e entidades sectoriais, decorre numa altura em que se discute o futuro do cultivo do tomate e quando já foi apresentada pela Comissão Europeia a proposta da reforma da Organização Comum de Mercado (OCM) hortofrutícola.

A proposta defende o desligamento total dos apoios relativamente à produção, ou seja, os agricultores não necessitam de cultivar e produzir para receber subsídios. Os apoios são atribuídos com base no historial da produção dos últimos anos de cada agricultor que só tem de garantir que trata a terra.

António Praxedes, director fabril da Sopragol, única empresa transformadora do sector do tomate instalada em Mora, disse à agência Lusa que “se o desligamento acontecer total ou parcial, o ano de 2008 será muito complicado para a indústria portuguesa e europeia”.

“Poderá haver quebras de produção de matéria-prima de 50 por cento ou mais”, realçou.

Recentemente, as associações das indústrias de transformação de tomate de Portugal, Espanha, Itália e Grécia juntaram-se contra a proposta da Comissão Europeia para alterar as ajudas à produção e enviaram uma carta à comissária para a Agricultura Mariann Fischer Boel.

Segundo a Associação dos Industriais de Tomate (AIT), as entidades representativas de 75 por cento do sector europeu tomaram a posição conjunta contra a proposta de reforma da OCM hortofrutícola.

Em carta enviada à comissária Mariann Fischer Boel, as associações exprimem a sua preocupação com o futuro da indústria de transformação de tomate nestes quatro Estados membros.

A empresa Sopragol, de Mora, exporta 90 por cento da sua produção, sobretudo para Inglaterra, Itália e Alemanha, disse à Lusa o director fabril. António Praxedes adiantou que a produção da Sopragol atingiu os 63 milhões de quilos em 2006, menos 15 milhões do que no ano anterior.

O responsável explicou que a quebra de produção ficou a dever-se a “condições climatéricas” e à “concorrência dos industriais espanhóis, da zona da Extremadura”.

Vocacionada para a produção de diversos produtos derivados do tomate, a empresa emprega cerca de 50 pessoas, número que chega a atingir os 300 no período da campanha nos meses de Agosto e Setembro, indicou o responsável.

A Sopragol deixou de ser propriedade da empresa italiana Conserve Itália, em Junho de 2006, voltando então a pertencer a capitais portugueses.

O concelho de Mora está localizado em pleno coração da produção portuguesa de tomate, cuja área abrange as zonas do Alto Alentejo, Ribatejo e Estremadura.

A indústria de transformação de tomate representou um volume de negócios de 140 milhões de euros em 2005, 93 por cento dos quais destinados à exportação. O tomate é a principal produção horto-industrial de Portugal, ocupando 14.500 hectares de terrenos de regadio, com 712 produtores agrupados em 32 organizações.

Esta indústria, que engloba actualmente dez unidades fabris, representa cerca de 4500 postos de trabalho. Portugal é o sexto produtor mundial, situando-se logo atrás de Estados Unidos, Espanha, China, Itália e Chile.

Fonte: Lusa

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