Produtores de carne mantém preços baixos e suportam aumento de custos

A FAO alerta para o facto dos produtores pecuários suportarem há anos aumentos dos custos de produção sem qualquer reflexo para os consumidores, tendo em conta que os preços de venda no produtor não a acompanham.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a carne em Agosto atingiu os valores mais elevados das duas últimas décadas nos mercados internacionais, ficando nesse mês 16 por cento acima dos preços registados no período homólogo do ano passado.

Em Portugal, e apesar de ser dependente dos mercados externos no que diz respeito á carne de bovino e suínos, essa subida não se verificou nos produtores, segundo declarações avançadas ao Jornal de Notícias pela Federação Portuguesa de Bovinicultores (FPB) e pela federação Portuguesa das Associações de Suinicultores (FPAS).

Francisco Carolino, da FPB, afirmou que «o preço pago ao produtor de bovinos está sensivelmente 20 por cento abaixo do que se pagava há 20 anos, com custo de produção muito acima», acrescentando ainda que «o rendimento das explorações tem como base as ajudas directas da União Europeia (UE)», que caso não existissem «quem pagaria era o consumidor».

No caso dos suínos, as cotações mantiveram-se nos primeiros oito meses do ano, mas, de acordo com o presidente da FPAS, Luís Dias, «a tendência é para uma descida», registando-se nas últimas três semanas uma queda de 15 cêntimos por quilo, numa altura, sublinha o responsável, em que «as rações vão aumentar.

No entanto, mais uma vez, estes são preços pagos ao produtor, porque em Portugal não existe nenhum organismo «que faça o levantamento dos preços no consumidor», disse ao mesmo jornal a presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas, Maria Antónia Figueiredo, lembrando ainda que o mesmo foi feito até 2006, e na altura «70 por cento do que se pagava ficava na grande superfície e 20 por cento era para o produtor», concluindo a presidente que actualmente «não se sabe e ninguém está interessado na transparência do mercado».

Da Associação de Comerciantes de carne de Portugal (ACCP), Jacinto Bento adianta que para o consumidor «os preços estão estáveis desde há dois anos, em virtude do fraco poder de compra, e muitas vezes, com custos para os comerciantes», de vido á concorrência «desenfreada».

O representante da ACCP lembra que «se espera uma subida no preço da carne nos próximos meses por causa dos incêndios, que destruíram o alimento dos animais», sendo os produtores obrigados a comprarem rações e já a aumentarem na bolsa de bovinos e suínos.

Estas rações são parte substancial dos custos de produção pecuária, prevendo-se uma subida de preço nos próximos tempos com o aumento dos cereais, uma subida, que o presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais, Correia de Barros, considera tratar-se «de especulação», salientando que a Europa está a deixar desaparecer a agricultura e a ficar totalmente dependente do exterior»

Em relação às rações, Correia de Barros diz que Portugal vai sofrer com as mudanças mundiais. «Até agora os preços estiveram estáveis, começaram a subir 20 por cento, isto quando as matérias-primas subiram 80 por cento», mas, destacou, «o mais grave é a actuação das grandes superfícies que é assassina para os produtores pecuários», concluiu.

Fonte: Confagri

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …