Preço dos alimentos pode aumentar em Portugal

Os preços dos alimentos atingiram novos máximos em Dezembro, ultrapassando os registados no Verão de 2008, durante a crise alimentar. Os valores são mundiais e apresentados pela FAO, mas vão ter reflexos em Portugal, que importa boa parte do que consome.

A situação “é alarmante”, disse Abdolreza Abbassian, economista da Organização para a Agricultura e Alimentação (FAO) da ONU. Para Portugal, o cenário é considerado de uma “gravidade muito grande” pela presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas, Maria Antónia Figueiredo.

A subida vai ter “inevitavelmente impactos nas contas do supermercado”, disse João Machado, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), lembrando que Portugal é importador de boa parte das matérias-primas alimentares e “quem não produz paga mais caro”. Recorde-se que já no ano passado, em Novembro e face a igual mês de 2009, os produtos alimentares e bebidas não alcoólicas registaram um aumento de 1,9%, sendo que a carne subiu 1,3% e o pão e cereais 0,2%.

De acordo com o documento da FAO, em Dezembro o índice de preços de 55 matérias-primas alimentares (que tem por base os anos 2002-04) continuou a subir pelo sexto mês consecutivo e alcançou os 214,7 pontos, acima dos valores históricos atingidos durante o Verão de 2008, que resultaram numa crise alimentar em diversos países, com protestos e vítimas mortais.

Segundo o relatório da FAO o valor recorde agora atingido deve-se particularmente à subida dos custos do açúcar (398,4 pontos face a 373,4 pontos em Novembro) e da carne que subiu de 141,5 para 142,2 pontos. Além das subidas de preços provocadas pela inflação em Portugal, juntam-se agora os valores a pagar para importar, e para o presidente da CAP, algumas dessas situações eram evitáveis. Dá como exemplo o açúcar e para isso recorda que “a Europa tinha excesso de produção desse produto em 2003 e 2004, feito à base de beterraba sacarina. Portugal tinha uma quota de 70 mil toneladas e podia subir às 100, sendo que era considerada da melhor qualidade”.

No entanto, “há cinco anos, as fábricas e os produtores foram subsidiados para deixar de produzir, Centenas de produtores abandonaram a beterraba e a fábrica agora produz a partir da rama da cana de açúcar que tem que importar a preços elevados”. Ficamos totalmente dependentes do exterior para o açúcar e, por vezes, como aconteceu pelo Natal, há rupturas de stocks. O preço dos cereais também continua a subir para os 237,6 pontos, o nível mais alto desde Agosto de 2008 e de acordo com o economista da FAO, “continua a existir potencial para os preços dos cereais continuarem a subir”.

Para Pedro Queirós, director geral da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-alimentares (FIPA), “os preços elevados e sem expectativa que venham a descer, representa uma situação dramática para as indústrias com as facturas de produção a serem pouco suportáveis”.

Fonte: Anil

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