Portugal perdeu 92 mil explorações agrícolas, mas a produção aumentou

Os números do Instituto Nacional de Estatística (INE) mostram que Portugal perdeu, nos últimos anos 92 mil explorações agrícolas. No entanto, a produção não baixou nem se verificou uma crise de abandono de terras.

Na opinião do jornalista José Manuel Rocha, do Público, «a agricultura portuguesa prossegue o caminho de ajustamento estrutural que os países do Centro e do Norte da Europa já muito consolidaram, com o desaparecimento de explorações de pequena dimensão. Em Portugal, desapareceram 22 por cento das explorações.

Apesar disso, a produção agrícola passou de seis mil milhões de euros, em 1999, para 6,7 mil milhões, em 2005, sendo que o rendimento empresarial líquido passou de 1,8 mil milhões de euros para 2,2 mil milhões, em 2004. O rendimento de 2005 desceu novamente para os 1,8 mil milhões por razões de clima adverso e da entrada em vigor de novas regras da Política Agrícola Comum.

Portugal conta, agora, com 320 mil explorações agrícolas, que utilizam uma superfície apenas inferior em cinco por cento face a 1999 – são cultivados 3,7 milhões de hectares. Ou seja, a maioria das explorações eliminadas eram de pequena dimensão, com níveis de produtividade e rentabilidade muito baixos.

Em muitos casos, avança o Público, as áreas destas explorações passaram a integrar unidades empresariais com capacidade de expansão e níveis de desempenho superiores. De facto, a dimensão média das unidades agrícolas portuguesas aumentou para 11,4 hectares, mais 2,1 hectares do que os números apresentados em 1999.

José Manuel Rocha explica que este é «um factor crítico do sector, pois a ele está associada a possibilidade de se atingiram economias de escala que levem a patamares mais elevados de rentabilidade e de produtividade das empresas do sector». Mesmo com esta evolução positiva, a dimensão média das explorações agrícolas nacionais continua a ser das mais baixas da Europa.

Em 2003, a dimensão média da exploração agrícola era de 24 hectares na União Europeia a Quinze e de 22,6 hectares na União Europeia dos 25.

Em Portugal, 54 por cento da superfície agrícola utilizada pertence a apenas dois por cento das explorações, ou seja, pouco mais de dois milhões de hectares; ainda assim, a maior parte das explorações tem entre um e cinco hectares de dimensão – 52 por cento.

O Alentejo é a região com as maiores explorações agrícolas, enquanto em Entre Douro e Minho encontram-se mais minifúndios.

O INE concluiu, assim, que a agricultura portuguesa ainda está muito longe do almejado patamar de especialização, já que mais de metade das explorações são ainda indiferenciadas, combinando várias orientações. As explorações especializadas são as que apresentam os níveis mais interessantes de rentabilidade.

Fonte: Público

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