Portugal é o campeão europeu das mercearias

Um relatório da Comissão Europeia mostra que apesar da existência de grandes superfícies, as mercearias conseguem impor-se pela sua relação de proximidade.

Portugal é o país europeu com maior peso de pequenas mercearias no total dos estabelecimentos de bens alimentares e um dos países com os preços mais baixos no retalho. Um relatório da Comissão Europeia, que faz um retrato do sector do comércio a retalho, revela que Portugal é um dos países que, apesar do grau de concentração em torno das grandes superfícies, mais tem visto crescer o pequeno comércio alimentar.

Bruxelas detectou um conjunto de estrangulamentos neste sector na UE, que tem sido alvo de muitas queixas dos pequenos comerciantes, e promete um novo pacote legislativo ainda este ano para os remover.

No sector da alimentação, Portugal destaca-se como um dos poucos países em que o número de mercearias com um só empregado aumentou desde 2003. Portugal é aliás o país da UE com o maior peso destas mercearias de um empregado com 80 por cento, contra 11 por cento na Estónia.

Mas, por outro lado, é aquele que tem menor peso das grandes mercearias que empregam 2 a 9 pessoas (17 por cento), em contraste com países como a Holanda (72 por cento). Somando tudo, de 1 a 9 empregados, a Itália lidera com 99,2 por cento e Portugal é segundo com 98,8 por cento, enquanto no final da linha está a Estónia com apenas 80 por cento.

A análise dos preços também é díspar entre os países. Na alimentação e bebidas não alcoólicas, em 2008 os preços foram mais elevados na Dinamarca (147 por cento da média UE) e mais baixos na Bulgária (67 por cento). Entre os antigos 15 da UE, só a Holanda (88 por cento), Espanha (94 por cento) e Portugal (86 por cento) têm os níveis de preços abaixo da média europeia.

No grau de concentração, Portugal segue a tendência e não só no ramo alimentar. Nos mercados de retalho mais “maduros” na UE, o dos antigos 15, nota-se uma “importância crescente de grandes multinacionais”: as oito maiores empresas representam entre 50 por cento a 80 por cento do total do mercado alimentar em termos de valor acrescentado. Em Portugal o grau de concentração chega aos 63 por cento, ficando em sétimo lugar no ‘ranking’. Nos bens duráveis, como electrónica, as cinco maiores somam um terço do mercado.

À partida, isto implicaria uma tendência para o definhar dos pequenos comerciantes, independentes, não especializados, que não podem tirar partido das vantagens de um sistema de compra centralizada e acabam excluídos do mercado. Embora no caso específico do ramo alimentar isto seja verdade, salvo poucas excepções, ao nível do retalho o número de lojas a empregar uma pessoa aumentou nos últimos anos. Algo que Bruxelas explica com a conveniência de serviços de proximidade, em vez das grandes superfícies.

Num dos bloqueios identificados, o peso residual do comércio electrónico, Portugal é um dos piores com apenas 0,8 por cento do total de vendas a retalho. Só quatro países têm mais de 2 por cento – “um resultado decepcionante”, diz o relatório – e é o Reino Unido que mais destaca com 5 por cento.

Para a Comissão, o peso do sector na economia e o potencial de integração no quadro do mercado interno merece a tentativa de desbloquear algumas décimas de crescimento. A contribuição do sector para o crescimento geral varia, entre 1 por cento na Itália, 2 por cento na Holanda, 7 por cento Eslováquia, Polónia ou Grécia. “Alguns estados membros viram o seu sector de retalho contribuir mais para o PIB do que a média da UE (4,7 por cento), nomeadamente o Reino Unido, a Letónia (6 por cento), Estónia, Chipre, Portugal e Bélgica (5 por cento)”, nota o relatório.

Fonte: Anil

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