Portugal deve manter “não” ao fim das quotas leiteiras

O ministro da Agricultura despediu-se do parlamento apelando a que Portugal mantenha em Bruxelas o «não» ao fim das quotas leiteiras. António Serrano esteve na sexta-feira na Assembleia da República para uma audição sobre o sector leiteiro, requerida pelos grupos parlamentares do PCP, PSD e do CDS-PP, que questionaram o ministro sobre as medidas tomadas para fazer face às dificuldades dos produtores de leite.

O ministro sublinhou que Portugal está cada vez mais isolado no seu pedido de reversão do fim das quotas leiteiras, mas considerou que deve manter esta posição até estarem claramente definidas as medidas de compensação. «Temos pouca gente do nosso lado entre os 27 países. A reversão desta decisão é a grande dificuldade política porque não temos aliados de peso. Mas devemos manter o «não» até ao último minuto, tem de haver medidas de compensação claras.

Na «última oportunidade» de se dirigir aos deputados, o ministro demissionário garantiu que fez todos os esforços para dissuadir a Comissão Europeia de adoptar esta medida, considerada gravosa para os produtores portugueses, mas assumiu que a margem de manobra «é apertada» e aconselhou «quem estiver na negociação» que continue «a dizer que não concorda com o fim das quotas».

António Serrano indicou aos deputados as acções que desenvolveu, a nível nacional, para ultrapassar os problemas no sector do leite, nomeadamente promovendo encontros entre os diversos intervenientes. «Tenho contactado pessoalmente cada um dos intervenientes nesta cadeia. Não havia diálogo, foi dificílimo juntá-los à mesma mesa», afirmou o governante, acrescentando que se tratam de problemas que levam tempo a resolver.

O ministro lembrou ainda que nem tudo está ao alcance do governo para resolver os problemas do sector do leite, nomeadamente devido às regras concorrenciais e à fixação de preços, mas adiantou que espera que esta aproximação entre indústria, produção e distribuição culmine na formulação de contratos-tipo que beneficiem todos os intervenientes.

Aos deputados, cujas perguntas foram acompanhadas de um tom elogioso pelo trabalho desenvolvido pelo ministro, António Serrano garantiu que sai de consciência tranquila com o que fez e com a certeza de que será possível dar continuidade às matérias que não conseguiu fechar.

O governante concluiu que a Agricultura é «talvez o sector que mais pode alavancar a economia portuguesa e com resposta mais rápida», mas avisou que é preciso estar consciente das limitações que vai haver no orçamento de estado.

Fonte: Anil

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