Portugal aumenta exportações de azeite frente às importações

A balança comercial do sector do azeite português teve, pela primeira vez nas últimas décadas, um saldo positivo, que ultrapassou um milhão de euros, e as exportações nacionais de azeite embalado cresceram 17 por cento, alcançando os 159 milhões de euros em 2010.

A área de olival cresce em Portugal, sobretudo no Alentejo, com as vendas nos mercados internacionais a subirem 37 por cento o ano passado, em volume, para certa de 47 mil toneladas, nomeadamente, de azeite embalado e a granel, números considerados «notáveis» pela Casa do Azeite – Associação do Azeite em Portugal.

Segundo a secretária-geral da associação, Mariana Matos, em declarações ao jornal Público, esta «é a primeira vez desde há 30 anos que o saldo da balança comercial é positivo, muito devido à grande dinâmica e investimento que tem sido feito, com a plantação de olival e modernização, e também porque o Brasil reforçou o seu lugar como principal consumidor de azeite».

O relatório e contas da Casa do Azeite revela que as exportações totais de azeite aumentaram em média 20 por cento ao ano desde 2006, com o volume exportado a duplicar perto de 28 mil toneladas para cerca de 47 mil, mesmo com a descida de preços do azeite, que tem vindo a pressionar os produtores, a evolução das exportações em valor «é um sinal inequívoco de que se estão a valorizar melhor os azeites portugueses».

No ano passado, as importações excederam os 158 milhões de euros, ou seja, uma subida de 4,9 por cento em comparação a 2009, no entanto, há cinco anos o saldo da balança comercial era de 121,249 milhões negativos.

Mariana Matos adianta que Portugal não é auto-suficiente em azeite desde as décadas de 50 e 60, mas, segundo a mesma, falta pouco para o país alcançar de novo a meta dos 100 por cento, e afirma que actualmente o país produz 70 por cento do azeite «de que precisa».

Uma grande ajuda para as marcas nacionais reforçarem o seu peso no mercado em questão foi o crescimento económico do Brasil, detendo uma quota de 55,2 por cento, mas 24,3 pontos percentuais em relação a 2009, enquanto grandes produtores como Espanha e Itália têm 23,4 e 7,2 por cento de quota no Brasil, respectivamente.

Desta forma, Portugal mantém-se como o principal fornecedor de azeite do Brasil, para o qual 65 por cento das exportações foram destinadas a este país e empresas como a Sovena estão a beneficiar desta situação.

O dono do azeite Oliveira da Serra revitalizou a marca Andorinha para o mercado brasileiro e, de acordo com o seu administrador, Luís Folque, aumentou as vendas em 37 por cento, com o Brasil a representar já 84 por cento das exportações de azeite da Sovena.

Outros produtores, mas de menor dimensão, também venderam mais para este destino, como revela João Roquete, presidente executivo da Herdade do Esporão, que o Brasil representa 25 por cento no negócio dos azeites face a 2010.

O sector do azeite na União Europeia, apesar destes indicadores positivos, passa por uma situação difícil. Recentemente, o Comité de Organizações Profissionais Agrícolas e de organizações Cooperativas comunitárias pediu à Comissão Europeia para activar a ajuda ao armazenamento privado devido à descida verificada de 5,7 por cento no rendimento dos produtores paralela ao aumento do volume de vendas.

Este mecanismo consiste em retirar o azeite do mercado e armazená-lo em troca de apoio financeiro, com a intenção de recuperar preços. Em Espanha, o excesso de produção está a obrigar os operadores do sector a vender o azeite a preços inferiores ao custo, havendo situações de abandono do olival.

Em Portugal como não há excesso de produção, garante a secretária-geral da Casa do Azeite, a queda dos preços não atinge tanto os produtores nacionais com lógicas de cultivo mais intensivo, o que não se passa com os pequenos olivicultores, com olival disperso e pouco produtivo, que sentem dificuldades para enfrentar os custos de produção.

Para terminar, Mariana Matos sublinha que os preços mantiveram-se nos dois euros o quilo ao longo da campanha 2009/2010 e, para esta responsável a solução passa pelo estímulo ao consumo de azeite a nível mundial.

Fonte: Confagri

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