Pescas: Armadores algarvios contra novo acordo com Marrocos

Armadores e pescadores algarvios manifestaram-se hoje insatisfeitos com as novas regras para pescar em águas marroquinas, um acto assinado entre a União Europeia e Marrocos em vigor a partir de Fevereiro.

Sete anos depois do último acordo, o secretário de Estado das Pescas, Luís Vieira, anunciou, sábado, a atribuição de 11 licenças, o que permitirá o regresso a Marrocos a partir de 01 de Fevereiro.

As novas regras para pescar ao largo de Marrocos não foram, contudo, bem acolhidas pelos armadores de associações e organizações desde o Sotavento ao Barlavento algarvio, ouvidas hoje pela Lusa.

O presidente da Associação Armadores de Pescas do Barlavento, António Teixeira, demonstrou-se descrente nas novas licenças entre a União Europeia e Marrocos em vigor e declara que se trata de um “mau acordo”.

“É um mau acordo, um acordo de circunstância e que vai ser mau para os portugueses, porque as embarcações autorizadas têm menos autonomia, são mais pequenas, têm de levar mais marroquinos a bordo e as licenças são mais caras”, apontou o presidente da Associação de Armadores de Pesca do Barlavento, António Teixeira, Garantindo que as antigas regras eram melhores para Portugal e que as novas trazem “muitas exigências e poucas cedências”, sublinha que o peso financeiro da operação é demasiado cara para o pescado que se traz de Marrocos”.

O acordo serviu para “tapar a lacuna de a União Europeia ser a única a não poder pescar em Marrocos” – sabendo que os cubanos e russos pescam em águas marroquinas -, lembrou António Teixeira, admitindo, todavia, que no futuro, caso se possa renegociar as licenças, o acordo possa tornar-se mais razoável.

O presidente da “Olhão Pescas”, a Associação de Produtores e Armadores de Pesca do Sotavento, também se revela insatisfeito com as novas regras para pescar em Marrocos.

“As novas licenças são um doce amargo. Foi negativo o acordo com Marrocos”, desabafa António da Branca, sustentando que a União Europeia e Portugal “nunca deveriam ter deixado cair o antigo acordo”.

“Ninguém vai investir 100 mil contos [500 mil euros] num barco com as condições exigidas por lei para ir para Marrocos”, comenta António da Branca, observando que os “custos da licença e do combustível são mais elevados”.

Os pescadores passam também a ser controlados por Marrocos, através da obrigação de revelar às autoridades as coordenadas em que se encontram, de duas em duas horas, indicou o armador.

Carlos Silva, um armador a trabalhar no Barlavento que recusou a licença concedida para pescar em Marrocos, disse à Lusa que se trata de um “acordo político para não perder o feed-back com Marrocos”.

“Na realidade os armadores não vão tirar muitos proveitos, porque as taxas por cada tonelada de peixe são muito elevadas”, comenta, mencionando que no Algarve tem conhecimento que apenas seis ou sete armadores se arriscarão a voltar a pescar em Marrocos.

Fonte da assessoria de imprensa do Departamento de Recursos da Direcção Geral das Pescas, Mário revelou à Lusa que as espécies que se poderão pescar ao largo de Marrocos são o peixe espada branco, bicas, douradas, sargos, corvinas, atuns, sardinhas, carapaus, cavalas, biqueirões e pescada.

O novo acordo permitirá que 119 pesqueiros europeus possam operar em águas marroquinas, face aos 477 barcos autorizados no anterior acordo, que expirou em 1999.

Das 11 licenças obtidas, mais de metade são no Algarve, sendo 10 de pesca artesanal (à linha e com redes) e uma de pesca demersal – quando as redes vão em mais profundidade para capturar as espécies de fundo, adiantou Mário Ribeiro.

Fonte: Agroportal

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …