Parlamento Europeu opõe-se à Comissão na crise do leite

A Comissão de Agricultura e Desenvolvimento Rural do Parlamento Europeu qualificou de “indecente” e “burlesca” a atitude de Bruxelas relativamente à crise do leite e adverte que o sector “não terá nenhuma esperança”, se não aumentaram as medidas propostas, consideradas “insuficientes” face às dificuldades que os produtores atravessam.

A comissão de Agricultura do Europarlamento expressou o seu descontentamento face às medidas “insuficientes”, até agora propostas pela Comissão Europeia para resolver a crise dos produtores de leite, agravada pelos preços baixos na origem.

Os eurodeputados realizaram um debate sobre o estado do mercado do leite, em que patente o seu “mal estar” face às respostas da Comissão Europeia, concluiu o presidente da comissão, o italiano Paolo de Castro.

A Comissão defendeu sobretudo que os preços do leite estão em recuperação e que as cotações de diferentes commodities lácteas tinham melhorado “tanto na União Europeia”, como em outros mercados, à escala global”. Assegurou que a procura de leite está a crescer mais rapidamente do que a oferta e que a fixação dos preços “numa base mais contratual”, originaram aumentos de “um ou dois cêntimos por litro”, em países como a França.

O representante do órgão executivo comunitário detalhou a existência de subidas de preços em mercados como os da Nova Zelândia ou dos Estados Unidos e assinalou que essas alterações “terão efeito psicológico” sobre o sector.

A intervenção da Comissão provocou a rejeição de grande parte dos eurodeputados. O francês José Bové qualificou como “indecente” a atitude de Bruxelas, e disse que o sector “não terá qualquer esperança” se as medidas propostas não forem ampliadas. Defendeu uma melhor regulação da produção, e indicou que durante os cinco anos que restam até ao desmantelamento das quotas leiteiras, há que “utilizar os mecanismos de mercado para reequilibrar a oferta”, porque há países excedentários, enquanto a Espanha e a Itália são deficitários na obtenção do leite.

“A Comissão tem vindo a ridicularizar-nos”, disse a francesa Véronique Mathieu, que sublinhou que Bruxelas está de costas para a realidade dos produtores de leite e fala apenas de acções para o longo prazo, mas não fornece nenhuma pista em relação ao conteúdo dessas mesmas acções.

Stéphane Le Foll, igualmente francês, também referiu apostar em novas medidas para melhor gerir e limitar a oferta de leite.

O PE aprovou em Estrasburgo, no passado dia 17 de Setembro, uma resolução que vai nesta mesma linha, bem como a constituição de um “fundo especial extraordinário” destinado a atenuar os efeitos desta crise sobre a fileira do leite.

Fonte: Anil

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