Lactogal desiste de Santarém e vai para Oliveira de Azeméis

A Lactogal desistiu de construir em Santarém uma fábrica para concentrar toda a produção de queijo e, em alternativa, vai levar o investimento para Oliveira de Azeméis, num terreno anexo à actual unidade de produtos frescos. Com o novo projecto, o concelho receberá um investimento de 50 milhões de euros, para criar 170 postos de trabalho, a somar aos cerca de 200 já existentes. A construção deverá começar nos primeiros meses de 2006, de forma a, o mais tardar no início de 2008, estar a transformar em queijo 10 mil toneladas de leite e secar o soro lácteo daí resultante.

O maior grupo agro-alimentar do país desistiu de Santarém porque a câmara ainda não lhe vendeu um segundo terreno, indispensável à construção da fábrica, apesar de se ter comprometido a fazê-lo em protocolos assinados com a empresa, garantiu ao JN o presidente, Casimiro de Almeida.

Um primeiro terreno, de 90 mil metros quadrados, já foi vendido à Lactogal, pelo preço simbólico de um cêntimo o metro quadrado, mas falta cumprir a segunda parte do acordo, que envolve um outro terreno, de 46 mil metros quadrados. “Depois de uma série de cartas, em que a câmara dava respostas redondas aos nossos pedidos de compromisso firme, a paciência esgotou-se”, disse Casimiro de Almeida.

Decisão tomada

A câmara pediu, pelo menos, dois aditamentos ao protocolo inicial, que fixavam novas datas para a entrega do segundo terreno. A última, garante Casimiro de Almeida, foi já largamente ultrapassada. “O novo presidente ainda está a tentar convencer-nos a investir lá, mas é tarde demais. Esperamos demasiado tempo pelos terrenos”, explicou.

O que fazer ao primeiro terreno que, entretanto, a autarquia de Santarém entregou à Lactogal com o objectivo expresso de aí construir a fábrica ainda será discutido. O protocolo especifica que, caso a Lactogal desistisse do investimento, teria que devolver o terreno, mas a empresa responsabiliza a autarquia pela desistência. “Tínhamos toda a intenção de construir a fábrica em Santarém, mas sem os terrenos prometidos, é impossível”, disse.

Para mais, Casimiro de Almeida atira com o dinheiro já gasto, em projectos, por exemplo. “Já lá gastamos muito dinheiro, talvez um milhão de euros, e podemos reclamar lucros cessantes e outras compensações, mas o actual presidente da câmara – o terceiro com quem discutimos este investimento – já disse que não tem dinheiro”. O assunto poderá, admite, acabar em tribunal.

Duas fábricas em risco

Com a concentração, agora em Oliveira de Azeméis, de toda a produção queijeira do grupo, fica em dúvida a continuidade das duas actuais fábricas – de Sanfins e Avis. “Ainda vamos estudar que formatos queremos fazer nesses dois locais, mas é certo que as duas fábricas nunca ficarão” em funcionamento, adiantou o presidente.

A concentração do fabrico de queijo faz parte da restruturação industrial do grupo, cujo primeiro grande passo foi a abertura de uma nova unidade em Vila do Conde, que transforma todo o seu leite ultrapasteurizado (UHT).

Fonte: JN

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