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Timor-Leste pediu hoje em Pequim 15 milhões de dólares para lutar contra a gripe das aves, no último dia da conferência internacional de doadores em que ficaram prometidos 1,9 mil milhões de dólares em financiamento.
O objectivo inicial da conferência de Pequim era conseguir 1,5 mil milhões de dólares.
“Timor-Leste apresentou um esboço de proposta de apoio ao combate contra a gripe das aves no país no valor de 15 milhões de dólares americanos (12,39 milhões de euros) para aplicar em três anos”, disse à Agência Lusa o ministro da Agricultura, Pescas e Florestas de Timor-Leste, Estanislau Aleixo da Silva.
Apesar das autoridades timorenses não terem registado qualquer caso de gripe das aves no país, Estanislau Aleixo da Silva disse que Timor-Leste é um país de alto risco de disseminação do H5N1, a mais perigosa estirpe do vírus causador da gripe das aves, “por partilhar extensas fronteiras com a Indonésia, onde a doença é endémica”.
“Estamos contentíssimos que Timor-Leste tenha feito um esboço de proposta, que eu já vi, mas há ainda trabalho a ser feito até que a distribuição dos fundos seja feita”, disse David Nabarro, coordenador das Nações Unidas para a Gripe das Aves.
“Prometemos que tomaremos as decisões o mais rápido possível”, adiantou Nabarro, falando aos jornalistas no final da conferência, organizada pela Comissão Europeia, Banco Mundial (BM) e pelo Governo da República Popular da China.
Os países doadores prometeram no encontro 1,9 mil milhões de dólares (1,57 mil milhões de euros), ultrapassando em muito o objectivo inicial de 1,5 mil milhões de dólares, e Nabarro adiantou que levará cerca de dois meses até estar finalizado o sistema de acesso e distribuição do financiamento.
Estanislau Aleixo da Silva, no final da conferência, declarou que “o Governo de Timor-Leste está empenhado no combate à doença e, com os poucos recursos disponíveis, atribuiu já uma verba de quase 200 mil dólares para combater a doença”.
O financiamento solicitado por Timor-Leste servirá para estabelecer laboratórios de referência no combate à gripe das aves e também para a consultoria técnica especializada, treinos e aquisição de produtos químicos, incluindo comprimidos para enfrentar situações de emergência, segundo o ministro.
Timor-Leste foi o único país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa que se fez representar a nível ministerial na conferência de Pequim.
A lista dos doadores é liderada pelo BM com 500 milhões de dólares, seguindo-se os Estados Unidos com 334 milhões de dólares e a União Europeia com 258 milhões de dólares. O Japão doou 159 milhões de dólares e a China 10 milhões de dólares.
O BM apontou para a necessidade de investir um mínimo de 1,4 mil milhões de dólares nos próximos três anos para lutar contra uma possível disseminação global do H5N1.
A conferência de doadores, que começou na segunda-feira, teve como objectivo avaliar as necessidades financeiras na luta contra a doença ao nível nacional, regional e global, e segue-se à primeira conferência de doadores, que decorreu em Genebra em Novembro de 2005.
Participaram na conferência de Pequim representantes de 90 países e 25 organizações internacionais, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e o Gabinete Internacional de Epizootias (OIE).
A morte de quatro crianças na Turquia este mês, as primeiras vítimas fora do sudeste asiático e da China, bem como a descoberta de surtos em quintas do sudeste do país, fizeram reacender receios de que o H5N1, a mais perigosa estirpe do vírus da gripe das aves, esteja a espalhar-se por todo o mundo.
Desde o seu reaparecimento em 2003 no sudeste asiático, o H5N1 causou já a morte de 80 pessoas e, segundo dados do Banco Mundial, o potencial custo financeiro e económico de uma pandemia de gripe das aves poderá atingir 800 mil milhões de dólares.
Fonte: Lusa
