Os novos cenários sobre uma eventual pandemia de gripe em Portugal serão conhecidos em Junho e terão em conta novos parâmetros, como a existência de uma reserva nacional de medicamentos, explicou o director do Observatório Nacional de Saúde.
O primeiro relatório com os cenários preliminares para uma eventual pandemia da gripe em Portugal foi apresentado em Junho do ano passado e previa entre 7.975 e 11.166 óbitos.
Estes cenários estão a ser actualizados e, segundo avança hoje a Antena 1, deverão apresentar previsões de 19 mil óbitos, um aumento que se deve à subavaliação dos doentes crónicos.
A rádio refere que, na primeira amostra realizada no âmbito desta revisão, com 300 mil residentes no distrito de Coimbra, o número de vítimas mortais foi corrigido para mais 50%.
Este aumento de vítimas mortais deve-se a uma subavaliação do número de doentes crónicos na população idosa, que se situa nos 60%, contra os 40% inicialmente contabilizados, indica a Antena 1.
O director do Observatório Nacional de Saúde (ONSA), Marinho Falcão, confirmou à Lusa a revisão dos cenários, mas disse que ainda não foi possível apurar nenhum número de óbitos previsíveis.
Esse valor deverá ser conhecido em Junho – um ano após a divulgação dos primeiros cenários – e resultará da avaliação de uma série de parâmetros que, no primeiro relatório, não foi levada em conta.
Um desses parâmetros é a existência de uma reserva nacional de medicamentos que o Estado português adquiriu e que, em caso de pandemia, serão distribuídos gratuitamente à população.
Portugal dispõe actualmente de 11 mil tratamentos de Oseltamivir e cem de Zanamivir contra uma eventual pandemia de gripe das aves nos humanos.
O Oseltamivir e o Zanamivir são os medicamentos anti-virais recomendados pelas autoridades de saúde internacionais para combater a gripe das aves nos humanos.
Antes do final do primeiro semestre deste ano deverão chegar a Portugal os 2,5 milhões de tratamentos de Oseltamivir encomendados ao único laboratório que comercializa este anti-viral, cuja aquisição foi decidida em Conselho de Ministros.
Estes medicamentos – que no total custaram ao Estado 25 milhões de euros – chegarão a Portugal em pó, cabendo à Direcção-Geral da Saúde (DGS) definir a melhor forma de os distribuir, caso venham a ser necessários.
Outro parâmetro que está a ser avaliado pela primeira vez é a percentagem de doentes crónicos em Portugal e que deverá ser maior do que a inicialmente estimada, conforme confirmou o director do ONSA.
Sem confirmar os 60% indicados pela Antena 1, Marinho Falcão disse que os dados até agora recolhidos vão nesse sentido.
Contactada pela Lusa, a sub-directora geral da Saúde e especialista em doenças transmissíveis Graça Freitas confirmou que os cenários estão a ser avaliados, tendo garantido que os resultados que forem apurados não irão pôr em causa o plano de contingência português.
«Se existir um número de óbitos e internamentos superior ao inicialmente estimado, o que muda é a intensidade das medidas, mantendo-se as suas linhas fundamentais», disse.
O Plano de Contingência contra a Pandemia de Gripe foi apresentado a 30 de Janeiro e conta com quatro grandes áreas funcionais: informação em saúde, prevenção, contenção e controlo, comunicação e avaliação.
De acordo com o director-geral da Saúde, Francisco George, este plano não é definitivo, uma vez que «tem de ser adaptado aos conhecimentos que se forem evidenciando».
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), das 191 pessoas infectadas com o vírus da gripe das aves, 108 morreram.
Fonte: Diário Digital