Fábrica de Água Retorta foi colocada à venda

A Fábrica de Queijos Melinda tem três quotas à venda e nem a Junta de Freguesia de Água Retorta tem meios para as comprar, nem a Associação Agrícola de São Miguel diz-se interessada no negócio. O sócio gerente da empresa “Duarte Raposo & Filhos Lda’, proprietária da fábrica, nega seis meses depois um alegado desentendimento entre sócios que esteve na origem da não concretização do negócio da venda da fábrica à Associação Agrícola.

A presidente da Junta, Sandra Carreiro, refere o espaço da fábrica vai dar lugar à construção de um hotel, algo que a autarca lamenta. Continua a defender que a reactivação da unidade fabril podia afirmar-se como uma mais-valia para a freguesia. E, como afirma Jorge Rita, presidente da Associação Agrícola, ‘Melinda’ é uma marca de queijos que já foi muito importante na Região.

Cerca de seis meses depois da entrevista realizada à presidente da Junta de Freguesia de Água Retorta, em que salientava a mais-valia que seria para a freguesia se a Fábrica de Queijos Melinda fosse reactivada, Mário Raposo Resendes, gerente da empresa ‘Duarte Raposo & Filhos Lda’, refere que nunca houve desentendimento entre sócios para a venda da unidade fabril. A presidente da Junta, Sandra Carreiro, sublinhou na entrevista de Julho que a reactivação da fábrica nunca aconteceu devido a um desentendimento entre os seus proprietários.

Mário Raposo Resendes esclarece na carta que a empresa “não é da ‘família’” e que estão três quotas à venda. “Não há desentendimento, nem nunca houve, entre ‘irmãos’ no que respeita à venda da empresa”, sublinhou. Mário Raposo Resendes acrescenta mesmo que “não há, nem nunca houve, qualquer problema ou inconveniente entre os sócios na venda das quotas” e esclarece que “a junta de freguesia até à data nunca apresentou qualquer proposta de compra”.

A questão dos desentendimentos
A presidente da Junta de Freguesia, depois de esclarecer que nunca anunciou ter apresentado uma proposta para compra da fábrica, reage com as seguintes palavras à carta de Mário Resendes: “Pelo que conheço e sei, a própria família ainda não vendeu a fábrica ou o espaço em si a qualquer outra instituição ou empresário porque não havia entendimento entre os familiares e o próprio senhor Mário Resendes disse-me isso uma vez, mas que agora os irmãos já estavam a concordar. Foi isso que ele me disse”.

Sobre o facto de Mário Raposo Resendes esclarecer que a empresa não é da família, Sandra Carreiro esclareceu, também, que “na minha ideia, eu pensava que aquilo era dos irmãos todos e que seriam cinco irmãos. Tinha ideia de que era deles todos. Se não é e se é apenas de três ou dois irmãos, eu não sei”. Para além disso, a presidente da Junta de Freguesia de Água Retorta afirmou tratar-se de uma coisa que já aconteceu há seis meses, no Verão, e que “não faz qualquer sentido ser agora publicada a carta”.

Sandra Carreiro explica que o próprio Mário Resendes “disse que não tinha sido vendida [a fábrica], na altura, à Associação Agrícola, porque os irmãos não se tinham entendido e que uns não queriam vender, outros queriam mais dinheiro e outros menos. Por isso é que nunca tinham chegado a acordo e a Associação teve de desistir do negócio da fábrica”. O facto é que a Associação Agrícola chegou a fabricar o queijo lá mas “nunca adquiriu o edifício porque havia, não sei se desentendimento, se factos que não eram reais ou escrituras que não estavam feitas, mas eram problemas familiares e não tinha nada a ver com outras entidades”.

Hotel “é solução sem sentido”
Quanto ao facto de as quotas estarem à venda e sobre a possibilidade de a Junta de Freguesia apresentar alguma proposta no sentido de reactivar a fábrica, a presidente da Junta de Freguesia reafirma que seria necessário “orçamento e apoio para fazer uma proposta e nós, neste momento, não temos”. Conforme as informações que Sandra Carreiro obteve de um colega que trabalhou na fábrica, na altura em que a Associação explorou a mesma, era de que a Associação “não teria qualquer interesse em fazer novamente este negócio”.

No último contacto que a presidente da Junta de Freguesia estabeleceu com Mário Resendes, há umas semanas, este afirmou que o edifício da fábrica ia ser vendido a um privado para fazer uma unidade hoteleira”. Sandra Carreiro considerou que esta “era uma solução/empreendimento que não tinha qualquer sentido”.

A presidente da Junta de Água Retorta disse ter transmitido a Mário Resendes que a autarquia “tinha interesse no negócio. “Era bom podermos reactivar a fábrica e se fossem os proprietários a fazê-lo ainda era melhor, porque não haveria qualquer tipo de custo para a Junta e sempre era bom para a freguesia. Agora, se houvesse alguém que a quisesse explorar era óptimo, mas a Junta de Freguesia não tem, neste momento, possibilidade de o fazer. Só através de outros e isso é uma coisa que ainda não está a ser trabalhada”.

Associação manifesta desinteresse
O presidente da Associação Agrícola de São Miguel, Jorge Rita, afirmou, entretanto, não haver interesse em adquirir as quotas que estão à venda porque, como explicou, a associação “não está virada nem vocacionada para a produção de queijos. Obviamente que temos várias cooperativas nesta área, mas não é a Associação, neste momento, a instituição com mais vocação para este tipo de produção”. Jorge Rita reconhece trata-se de uma marca de queijo “que foi muito importante na Região, principalmente ao nível de São Miguel”.

O líder da lavoura micaelense acabou por “lamentar profundamente que essa situação não tenha avançado no tempo, na altura em que a própria Associação fez os contactos com os próprios donos, mas não houve entendimento. Este é um processo passado já há muitos anos e da parte da Associação e da minha parte, enquanto presidente, não há qualquer interesse em comprar, adquirir nem construir nenhuma fábrica de fabrico de queijo, porque temos já organizações suficientes, a crescer e com dimensão precisamente para esse tipo de trabalho”, completou. Na opinião de Jorge Rita, esta é uma situação que “deve ficar nos privados e em algumas cooperativas que possam ter algumas aptidões para este fabrico” de queijo.

Fonte: Anil

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