Discórdia no preço do leite no Arquipélago

O preço da produção do leite nos Açores está a ser alvo de impasse e discórdia, e Pedro Pimentel, o presidente da Associação Nacional de Industrias de Leite, defende que cada empresa deve ter a capacidade de elaborar os seus próprios preços.

Pedro Pimentel, da ANIL, diz que cabe a cada fábrica decidir se tem condições para aumentar ou não o preço do leite e nesta matéria, acrescenta, “Neste momento existem quatro unidades de transformação em São Miguel, quatro fábricas a comprar leite à produção, e cada uma delas tem as suas regras e os seus preços, os preços não são iguais e cada uma delas fez os aumentos que entendeu, em cada momento. Da mesma forma não há aumentos gerais do preço do leite, há aumentos em cada empresa.”

Quem não gostou de ouvir estas declarações foi Jorge Rita. O presidente da Federação Agrícola diz que a produção não pode continuar a ser o parente pobre enquanto a indústria enriquece: “Não há acordo possível para a manutenção do preço do leite nesse momento quando todos os cenários são positivos para eles. Se a argumentação tem sempre a ver com a comercialização, nós já desafiámos quer a comercialização quer a indústria para nos sentarmos todos à mesma mesa. Estou totalmente disponível para isso. Nós não podemos é continuar a ser o parente pobre da fileira. Toda a gente hoje percebe, e ainda bem, que há muita gente a enriquecer, as indústrias têm resultados cada vez mais positivos, as grandes superfícies têm super-resultados, e os lavradores não têm resultados…”

Jorge Rita, afirmou hoje que “existem condições” para o aumento do preço do leite à produção no arquipélago, admitindo recorrer a formas de luta caso falhe um acordo com a indústria. “O cenário é positivo neste momento para o aumento do preço do leite (ao produtor). As questões de mercado são favoráveis e há escassez de produtos a nível regional, nacional e europeu”, afirmou Jorge Rita em declarações aos jornalistas em Ponta Delgada, à margem de um debate sobre o sector leiteiro.

Jorge Rita salientou que a pretensão dos produtores se “mantém intacta”, argumentando que o “mercado é bastante favorável para as indústrias”, enquanto os agricultores estão confrontados com “o aumento drástico dos custos de produção e da carga fiscal”. “As indústrias estão capitalizadas, as grandes superfícies também ganham bastante. Eles têm resultados bons e os agricultores não. Há que repartir melhor o lucro, não podendo ser sempre o produtor o parente pobre”, frisou.

O presidente da Federação Agrícola dos Açores considerou, por isso, “uma questão de elementar justiça que os industriais subam rapidamente o preço do leite à produção”, lembrando que isso já ocorreu “a nível europeu e no continente, com uma subida substancial”. Caso o preço do leite à produção não suba, Jorge Rita admitiu que terão que ser encontradas “outras formas de luta”, que não especificou, para força a indústria a um entendimento sobre esta questão.

Por seu lado, Pedro Pimentel, presidente da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, defendeu uma posição contrária, considerando “não haver na actual situação condições para aumentos de preço do leite”, salvaguardando, no entanto, que “cada empresa tem uma política própria de preços”.

“O cenário de mercado, apesar de favorável em algumas das suas vertentes, tem um problema muito sério relacionado com a comercialização dos produtos no mercado interno português”, salientou. Segundo Pedro Pimentel, “o problema passa-se nos supermercados da região e do continente”, que é o destino de mais de 80 por cento do leite que se produz nos Açores. “Gostaríamos que as condições fossem mais favoráveis para que pudéssemos vender o leite, queijo e iogurtes a um preço melhor, que permitisse pagar melhor ao produtor”, frisou.

Fonte: Anil

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