Comissária da Agricultura: Preços dos cereais desceram mas sem reflexos

A Comissária Europeia da Agricultura, Mariann Fischer Boel, atribui às alterações climáticas e à especulação o aumento dos preços das matérias-primas ocorridas no ano passado, e rejeita conceder culpa aos biocombustíveis.

Quanto a uma possível resposta da Política Agrícola Comum (PAC) à falta de leite e cereais, cujos preços continuam a descer mas sem reflexos, a comissária diz que a União Europeia (UE) é o maior exportador e importador de produtos agrícolas, com grande destaque no mercado mundial pela qualidade, pelo que é importante manter o nível.

Na Europa não há falta de alimentos, mas no mercado global, como a Austrália, que foi atingida por uma seca durante dois anos e de repente a Índia e a China, que começaram a importar cereal, uma situação causada pelo mercado internacional que influenciou os preços ao consumidor.

Actualmente verifica-se uma descida dos preços, mas, explica Fischer-Boel, o problema é que não se vê um reflexo imediato nos retalhistas, apesar de os preços da energia estarem a baixar.

Em relação ao fim das quotas do leite em 2015, a responsável diz que a decisão está tomada, sublinhando que Bruxelas criou algumas medidas de compensação para os produtores de leite, pela descida dos preços, e para os pequenos produtores de leite de regiões vulneráveis existem políticas de desenvolvimento rural para os ajudar.

Quanto ao aumento da modulação em 13 por cento e a manutenção do dinheiro no próprio país, Mariann Fischer Boel diz que em termos de competitividade os países pequenos têm problemas equiparados ao seu tamanho, ou seja, têm menos necessidade de dinheiro porque o sector é mais pequeno, afirmando estar certa de que se a sugestão fosse redistribuir o dinheiro, haveria países a recusar o aumento da modulação.

Para a comissária a falta de cereais a nível mundial deve-se, sobretudo, às condições climatéricas em algumas zonas do globo e à especulação, colocando de parte a emergência dos biocombustíveis, caso contrário os preços não estariam a descer.

Menos de um por cento da produção de cereais é utilizada para energia, sublinha a responsável, considerando que o mercado não está a ser influenciado sobre qualquer tipo de produção, e também por não acreditar numa situação em que o milho ou trigo sejam o futuro da produção energética, adianta ainda que é necessário promover a investigação na segunda e até mesmo na terceira geração de biocombustíveis, no entanto, foi preciso este período de transição com matérias-primas mais tradicionais.

Fischer-Boel contraria a opinião do Parlamento Europeu (PE), quando diz que a proposta comunitária não tem mecanismos para lidar com crises alimentares ou com o aumento da procura de energia, argumentando que o relatório do PE tem cerca de mil emendas, todas em direcções diferentes, pelo que é muito difícil tirar conclusões sobre a direcção que gostava que o sector agrícola tomasse.

Mariann Fischer- Boel diz que “o exame de saúde” é um bom ponto de situação para o futuro, com a dissociação das ajudas à produção o mercado pode produzir o que quer realmente e explicar aos contribuintes como é que o dinheiro é usado.

Em resposta à questão se os preços dos alimentos vão descer para os valores que estavam há mais de um ano, afirma que estamos na época do ano em que a produção de leite diminui e normalmente os preços sobem.

No entanto, os preços praticamente não se alteraram, adiantando que acha verificar-se uma quebra sistémica na relação entre preços nos produtores e preços no supermercado, mas no início do próximo ano vamos ter uma situação nova no sector do leite e os preços vão começar a estabilizar.

Fonte: JN e Confragi

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