Vila Real: Dezenas de Agricultores com Dificuldades em Alimentar Gado

Em poucos minutos um incêndio reduziu a cinza o pasto de 700 animais da aldeia de Mairos, Chaves, uma situação que está a preocupar dezenas de agricultores que já nem em Espanha conseguem comprar alimento para os rebanhos.

Um incêndio vindo de Espanha na semana passada queimou uma vasta área do concelho de Chaves e foi enorme o rasto de destruição que deixou entre os agricultores locais, sendo que, só na aldeia de Mairos, 700 animais ficaram com os pastos reduzidos a cinza.

“Nem 25 mil euros chegam para repor tudo o que as chamas destruíram em alguns minutos”, afirmou à Agência Lusa David da Costa, agricultor de Mairos, concelho de Chaves.

Segundo David da Costa, o fogo queimou-lhe quase dois mil fardos de palha, seis mil quilos de centeio, alfaias agrícolas, ferramentas e combustíveis.

“Doze anos de trabalho ficaram destruídos e agora não sei o que fazer com as 130 ovelhas que sobreviveram pois não tenho como as alimentar”, salientou.

Júlio da Costa, também residente em Mairos, lamentou não ter “sequer onde comprar” alimento para o seu rebanho de 100 ovelhas. É que, por causa dos incêndios que assolaram também a Galiza, os espanhóis também já não vendem palha.

“Há uns tempos atrás ainda conseguia-mos comprar palha e feno em Espanha para os nossos animais, mas agora os nossos vizinhos também já não vendem e ficamos sem saber como alimentar os nossos rebanhos”, frisou.

Também Nuno dos Anjos viu o seu estábulo destruído por este incêndio.

“Ardeu palha, alfaias e até um vitelo”, frisou o agricultor de 27 anos, que referiu que ainda não teve coragem para fazer as contas dos prejuízos.

Nuno dos Anos afirmou que os bovinos que manteve estão a sobreviver à custa da ajuda de amigos e vizinhos, que lhe têm oferecido palha.

Técnicos das autarquias do distrito de Vila Real estão no terreno a fazer o levantamento dos prejuízos causados pelos incêndios.

A Câmara Municipal de Chaves já concluiu um primeiro relatório que vai enviar ao Governo requisitando ajuda para fazer face aos prejuízos causados pelos fogos no concelho.

O presidente da autarquia, João Baptista, referiu que os prejuízos causados pelos fogos neste concelho ascendem a 8,5 milhões de euros.

Entre os dias 18 e 21 de Agosto, os incêndios ameaçaram 31 aldeias do concelho e queimaram uma área sete mil hectares, dos quais 1.600 são referentes a área florestal.

Os bombeiros do distrito de Vila Real combateram entre 01 de Janeiro e 18 de Agosto 1.522 incêndios, que queimaram uma área que quase duplicou em relação a igual período de 2004, designadamente 21.000 hectares de floresta e mato.

Entre 01 de Janeiro e 18 de Agosto de 2004, registaram-se 1.103 fogos no distrito que totalizaram uma área ardida de 11.245 hectares de floresta e mato.

Fonte: Lusa

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