Uso de máscaras pode ser generalizado

O uso de máscaras, de acordo com a avaliação do risco de pandemia de gripe, deve ser posto em prática em Portugal, dentro da lógica da planificação e organização dos serviços de saúde. No entanto, se os casos sintomáticos tiverem grande amplitude, a máscara poderá ser utilizada pelos que recorrem aos serviços de saúde ou até, no dia-a-dia, nos transportes públicos. Quem o defende é o responsável do Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital de S. João (Porto), António Mota Miranda, que ontem, em Coimbra, preconizou também o controlo de fronteiras, a restrição de viagens e o isolamento de doentes em unidades de saúde. Caso estas não tenham capacidade de resposta, a utilização de hospitais de campanha, ocupando escolas, ginásios, centros comunitários e tendas, poderá ser uma alternativa.

Mariano Ayala, técnico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que ontem apresentou o esqueleto do Plano Nacional de Contingência – “um comando único para defrontar a pandemia” -, considerou que, “depois de ter o vírus a circular, as autoridades devem produzir informações diárias para não haver boatos”. No capítulo da vigilância, “há que testar a sensibilidade aos antivirais e aos antibióticos” e ter em atenção que “nem todas as febres serão gripes pandémicas”.

Considerando que “a gripe entrará mais tarde ou mais cedo em Portugal”, tal pandemia poderá implicar a limitação de “alguns valores constitucionais”. Por exemplo, numa situação de crise “os motoristas de camiões TIR serão considerados um grupo prioritário”.

Segundo António Mota Miranda, um dos 160 participantes do fórum luso-espanhol sobre planos de contingência face a uma eventual pandemia de gripe, que decorreu ontem em Coimbra, “a lavagem das mãos” é uma das medidas de higiene individual que nunca deve ser descurada, tal como as “desinfecções domiciliárias, das unidades de saúde e de todas as superfícies contaminadas”. Trata-se de, afinal, adoptar as medidas preventivas, tal como se fez a nível mundial com a pneumonia atípica.

Num dos três cenários mais negativos, explicados ontem por Baltazar Nunes, do Observatório Nacional de Saúde, o especialista referiu-se a uma situação hipotética em que poderiam morrer 11 mil pessoas, caso não sejam tidas em conta as medidas preconizadas pela Organização Mundial de Saúde. Estes cenários serão divulgados na próxima semana, no site do Instituto Nacional Ricardo Jorge, mas o subdirector-geral de Saúde, Francisco George, diz que “fazem parte da reflexão interna” dos responsáveis de saúde. Em breve, anunciou, entrará em funcionamento “um grande call center”, gerido pela DGS, com uma parceria bancária, para alargar as potencialidades da actual linha de saúde pública.

Refira-se que, enquanto recordavam a história recente de pandemias (1918, 1957 e 1968), já fora do auditório onde decorreu o fórum, alguns especialistas portugueses criticaram a presença de jornalistas nestas jornadas.

Fonte: DN

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