UE aprova vacina da gripe para grupos de risco

O Parlamento Europeu deverá aprovar hoje em Estrasburgo uma resolução que sugere que seja administrada a vacina contra a gripe tradicional a todas as pessoas que estejam em contacto com aves. Segundo a Comissão do Ambiente e da Saúde Pública, “a ameaça potencial de recombinação do vírus da gripe aviária com a gripe sazonal poderia ser reduzida com esta medida”. Ontem, enquanto a Comissão Europeia decidia embargar durante um mês a importação comercial de aves para o espaço da União Europeia, a presença do vírus da gripe aviária foi confirmada em gansos encontrados mortos na Alemanha.

Da autoria da Comissão do Ambiente e da Saúde Pública do Parlamento Europeu, esta resolução aconselha a administração da vacina sazonal a todos trabalhadores de explorações avícolas e técnicos envolvidos no abate sanitário. A medida não representa qualquer novidade para Portugal, uma vez que já foi aconselhada pela Direcção-Geral da Saúde e está prevista no Plano Nacional de Contingência para a Gripe Aviária.

Segundo a subdirectora geral da Saúde, Graça Freitas, “a vacina da gripe sazonal não protege da gripe das aves, mas evita o encontro do vírus da primeira com o da segunda”. Assim, “impede-se a recombinação que daria origem a um novo vírus”. Para além disso, “é mais fácil fazer o diagnóstico de alguém que surja com sintomas de gripe se estiver vacinado contra a gripe sazonal”. Nesse caso, é provável que esteja infectado com outro vírus e o da gripe aviária surge como o mais provável.

O embargo à importação comercial de aves para o espaço da UE será efectivo até 30 de Novembro. Esta decisão foi tomada depois de se ter descoberto que, na Grã-Bretanha, um papagaio importado do Suriname morrera durante a quarentena devido ao vírus H5N1 – o mais letal para os seres humanos – depois de ter estado em contacto com um pássaro proveniente de Taiwan. O embargo visa as “importações comerciais de pássaros de cativeiro”. Os particulares continuam autorizados a trazer até cinco pássaros selvagens das suas viagens com a condição de que estes se submetam a um período de vigilância de 30 dias. Esses pássaros devem constar de uma lista autorizada pelo país de proveniência ou pelo Estado membro de destino. “Em alternativa, os pássaros poderão ser admitidos se estiverem vacinados contra a gripe das aves ou se o teste à gripe de aves a que forem submetidos der resultado negativo depois de um período de isolamento de dez dias antes da deslocação”, diz a CE em comunicado. Até agora, a regulamentação para as importações particulares de aves era estabelecida por cada um dos Estados membros.

A CE tinha mostrado, no final da semana, reservas em relação ao embargo, por considerar que este poderia favorecer o desenvolvimento de um mercado negro. “Tendo em conta o desenvolvimento do problema, a Comissão reconsiderou a sua posição”, disse um porta-voz do comissário europeu para a Saúde, Markos Kyprianou.

O comissário considera ainda, no que respeita aos medicamentos existentes, que não há, neste momento, nenhum que possa ser considerado 100% eficaz e que nenhum dos medicamentos existentes tem efeito preventivo. Sobre a capacidade dos Estados membros para produzir vacinas, recordou que é possível reduzir de oito para três meses a fabricação das vacinas, mas que uma vacina para uma eventual pandemia só pode ser produzida a partir do momento em que haja uma mutação do vírus – o que ainda não aconteceu. Para fazer face a uma pandemia, o Parlamento Europeu recomenda aos Estados que elaborem planos de emergência que assegurem a necessária coordenação entre Estados, a determinação das áreas a isolar em prioridade, a identificação dos grupos de população a vacinar prioritariamente e a distribuição justa e universal de produtos de combate à epidemia.

A resolução recomenda ainda aos Estados que assegurem o fornecimento de vacinas, medicamentos antivirais e antibióticos para o tratamento de infecções secundárias para enfrentar uma procura pandémica. O Parlamento reconhece que a capacidade financeira dos Estados membros não é a mesma no que diz respeito à capacidade de armazenamento de medicamentos antivirais e de vacinas e recomenda a utilização do Fundo de Solidariedade da União como instrumento para acções preventivas.

Fonte: DN

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