Governo e produtores de tabaco do concelho de Idanha-a-Nova estiveram ontem em contactos para analisar alternativas a esta cultura, que a partir de 2010 vai sofrer um corte substancial de incentivos da União Europeia (UE).
Para o ministro da Agricultura, Jaime Silva, que ontem esteve presente no seminário “Oportunidades de Reconversão das Explorações Agrícolas dos Produtores de Tabaco do Concelho de Idanha-a-Nova”, os agricultores da região “deram já provas” do seu valor, e é preciso “manter a actividade e valor acrescentado na região”.
“Em conjunto com os agricultores, teremos de encontrar as alternativas a uma cultura que vai deixar de ter apoios e que é importante em termos de economia regional”, afirmou o ministro à agência Lusa.
“Estou com eles para ver como poderemos a prazo, até 2010, encontrar as alternativas, para quando o regime do tabaco passar às ajudas completamente desligadas da produção do tabaco”, adiantou.
Para Jaime Silva, a aposta no tabaco prova que “os agricultores aproveitaram essa imensa oportunidade, que foi a especialização e constitui um caso de sucesso a nível nacional, e o sistema de incentivos da União Europeia e conseguiram ter aqui tabaco de qualidade”.
“Cabe agora ao Governo decidir de que forma é que serão enquadrados os subsídios que eram dados à produção de tabaco nas alternativas que terão de ser encontradas em conjunto com os agricultores”, afirmou.
O ministro considerou ainda que a redução de ajudas decidida pela UE não vai responder cabalmente à redução do consumo de tabaco, mas apenas aumentar a importação.
“Não podemos mistificar de que deixando de se produzir tabaco se vai deixar de fumar. A União Europeia tem fronteiras cada vez mais reduzidas na protecção e se não produzirmos tabaco temos de o importar”, afirmou.
Para o ministro, “o problema não está na produção do tabaco, mas antes no seu consumo e nas medidas a tomar a nível do Governo e dos Governos da UE, no seu conjunto”.
Segundo António Abrunhosa, presidente da Associação de Produtores de Tabaco (APT), o cultivo de tabaco na região é feito por 100 explorações, com dois mil hectares no total, e vale 15 milhões de euros.
A zona tem vocação para olival, vinhos e queijos e ainda algumas horto-frutícolas que constituem janelas de oportunidade.
Para Abrunhosa, a prioridade é, para já, “preparar condições para que se possa continuar a produzir tabaco e ganhar dinheiro”.
Caso não seja possível, afirmou, é necessário “conseguir encontrar alternativas rentáveis e que mantenham quer a rentabilidade das explorações agrícolas e o rendimento que até era gerado”.
Fonte: Lusa