Seca já atinge todo o território

A seca severa e extrema já está instalada em 97% do território nacional, disse ao DN Adérito Mendes, do Instituto da Água. O último relatório da comissão da seca revela ainda que há 39 municípios com problemas de abastecimento e que estão a recorrer a autotanques para distribuir água por 22 385 pessoas. Para acautelar o futuro, já estão a ser tomadas medidas estruturantes, como a redução dos níveis de captação subterrâneos.

A seca extrema afecta 64% do território e a severa (menos dura), 33%. Em relação à quinzena anterior, o agravamento é de 18%, ou seja, a seca extrema e severa registava-se em 79% do País ; agora, devido à falta de precipitação, à pouca água armazenada no solo e às temperaturas elevadas registadas, o índice subiu para 97%.

Nas albufeiras nacionais, os níveis de armazenamento também continuam a baixar. No último dia do mês de Junho, todas as bacias registavam volumes de água inferiores aos do final do mês anterior. Das 57 albufeiras monitorizadas, 15 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total. Apenas as bacias do Guadiana e do Ave apresentam níveis de armazenamento superiores à média de dez anos. No Arade, a situação é tão grave que em anos anteriores a média era de 49,% e agora é de 10,7%.

O abastecimento às populações não está ainda posto em causa, mas em 39 municípios a água chega por vias alternativas, na maior parte dos casos por autotanques. No total, de norte a sul do País, são já 22 385 pessoas afectadas por esta situação de recurso. Mértola, Nisa, Moura, Mealhada e Arouca continuam a ser os concelhos com mais problemas de abastecimento.

Em tempo de escassez, a qualidade da água também fica afectada e exige vigilância mais apertada. As albufeiras da Vigia, do Enxoé e do Vale do Gaio tiveram alterações. Nesta última e no Funcho, à semelhança do que já aconteceu no Roxo, será retirada biomassa da bacia para evitar mais problemas.

Durante a última quinzena de Junho foram detectadas algas (cianobactérias) no Funcho e em Odeleite/Beliche mas a situação já está normalizada. Além disso, explicou Adérito Mendes, estas algas não costumam pôr em causa a qualidade da água porque a captação faz-se em profundidade e as algas situam-se à superfície. A existência destas algas impede o consumo da água, mas como a qualidade é sempre controlada à saída das estações de tratamento não há perigo desta ser colocada na rede pública.

A agricultura continua a sofrer quebras significativas nalgumas culturas. Os mais recentes dados indicam reduções de produtividade no arroz e no milho de regadio.

O Instituto da Água está a contar que a situação de seca se prolongue até ao final do ano, por isso está já a implementar medidas estruturantes que permitam acautelar o futuro, nomeadamente o próximo ano. “Estamos a trabalhar num cenário de continuidade de seca”, admitiu Adérito Mendes, lembrando as opções já no terreno. No aquífero Querença-Silves, que abastece parte do Algarve, os níveis de captação já foram reduzidos para metade e esta opção pode estender-se a outros recursos subterrâneos. “Reactivaram-se furos antigos, alguns encerrados há dois anos, para que haja água a longo prazo”, afirmou. “Apesar de a nível meteorológico, estarmos em condições anormais, a nível hidrológico, ainda temos algumas condições de normalidade.”

Fonte: DN

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