Seca: Alqueva Perde Água Há Mais de Um Ano

A albufeira da Barragem de Alqueva baixou mais de três metros, o que corresponde a cerca de 500 hectómetros cúbicos de água, desde Maio do ano passado, devido às fracas afluências derivadas da seca.

De acordo com dados da Empresa de Desenvolvimento e Infra- estruturas de Alqueva (EDIA), a que a agência Lusa teve hoje acesso, a albufeira de Alqueva, localizada no coração do Alentejo no Rio Guadiana, desceu para a cota 145,3, armazenando actualmente 2.800 hectómetros cúbicos de água.

O máximo que Alqueva armazenou desde que começou a encher, em Fevereiro de 2002, ocorreu em Maio do ano passado quando atingiu a cota 148,5, representando um total de 3320 hectómetros cúbicos de água.

Carlos Silva, porta-voz da EDIA, adiantou hoje à agência Lusa que a água armazenada em Alqueva tem vindo a diminuir ao longo dos últimos 14 meses, com excepção dos meses de Outubro e Novembro de 2004 quando ocorreu alguma precipitação.

A seca, que se estende também ao território espanhol, onde nasce o Rio Guadiana, está na origem da diminuição das afluências à albufeira.

Carlos Silva justificou também a diminuição dos volumes armazenados com a disponibilização dos caudais mínimos e ambientais para o Guadiana, produção de energia eléctrica e consumos agrícolas, além da evaporação normal.

A albufeira de Alqueva tem capacidade para armazenar, na sua cota máxima (152), um total de 4150 hectómetros cúbicos de água, dos quais 3150 constituem o seu volume útil.

Como o enchimento à sua cota máxima, Alqueva criará o maior lago artificial da Europa, com 250 quilómetros quadrados de área (actualmente ocupa cerca de 170 quilómetros) e perto de 1.100 quilómetros de margens.

O ministro do Ambiente, Francisco Nunes Correia, anunciou quarta-feira que o Governo vai estudar a possibilidade de transportar água do Alqueva para regadio na região da Extremadura espanhola, garantindo, contudo, que a cedência em nada prejudica os interesses portugueses.

Segundo o ministro, a sua homóloga espanhola, Cristina Narbona Ruíz, subscreveu um pedido anterior do presidente da Junta da Extremadura, Juan Carlos Rodríguez Ibarra, relativamente à cedência de água do Alqueva.

“Vamos estudar essa questão e definir em que condições pode ser feita”, afirmou Nunes Correia.

O governante adiantou que foi pedida já uma avaliação ao Instituto da Água (INAG) e à EDIA (empresa que gere o Alqueva), tendo estas entidades considerado que a quantidade de água pedida para regadio em Cheles e Villanueva del Fresno “não prejudica em nada os interesses portugueses”.

“Temos disponibilidade para entregar a água necessária, mas essa questão ainda tem de ser trabalhada do ponto de vista técnico”, disse o ministro, acrescentando que a construção das infra-estruturas necessárias demorará pelo menos dois ou três anos.

Fonte: Lusa

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …