Produtos tradicionais: ASAE defende sobrevivências mas com regras de higiene

O director científico da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), Barreto Dias, afirmou ontem que os produtos tradicionais têm de sobreviver mas defendeu que os produtores têm de ter as noções básicas de higiene.

A ASAE foi ouvida ontem na Assembleia da República pelo Grupo de Trabalho Pequenos Produtores/Produtos Tradicionais, que foi criado com duas intenções: os pequenos produtores e os produtos tradicionais e a defesa da higiene e segurança alimentar.

Durante hora e meia, três elementos da ASAE, onde não esteve presente o seu presidente, António Nunes, responderam a várias questões levantadas pelos deputados, relacionadas com a formação dos agentes e dos produtores, a sua actuação e a legislação existente.

A sobrevivência dos produtos tradicionais portugueses tem vindo a ser discutida nos últimos dias, tendo o ministro da Agricultura, Jaime Silva, já garantido que não correm qualquer risco e atribuiu a polémica em torno da questão a “certos técnicos” que pretendem “ganhar algum dinheiro” criando uma “psicose do medo”.

Manuel Barreto Dias, inspector-geral e responsável científico da área alimentar, afirmou que “como cidadão” também quer “preservar os produtos tradicionais” mas acrescentou que “não se pode pensar em qualidade sem se pensar na segurança alimentar”.

“Os produtos tradicionais têm de sobreviver porque fazem parte da nossa História e gastronomia e têm de ter um lugar assegurado mas as pessoas têm de ter as noções básicas de higiene”, frisou.

O deputado socialista Jorge Seguro afirmou que “há uma ruralidade que tem de ser preservada” e questionou a ASAE sobre se não há um trabalho a fazer para dar mais formação aos pequenos produtores e aos inspectores.

Respondendo ao deputado socialista, Jorge Reis, responsável pela área técnico laboratorial da ASAE, afirmou que “não conhece nenhum organismo do Estado que tenha feito, nos últimos dois anos, tantas acções preventivas com associações, autarquias e outras entidades locais.

Por outro lado, a formação dos inspectores também tem sido feita com “vários cursos e muitas horas de formação” mas reconheceu que é difícil uma homogeneização de Norte a Sul do País dos trezentos agentes da ASAE.

Para superar esta questão, a ASAE tem apostado na formação e elaborou um manual de procedimentos de fiscalização e promoveu reuniões técnicas, justificou.

O deputado do CDS-PP Hélder Amaral lembrou o “número infindável” de festas que se vão realizar no País e perguntou o que é que a ASAE vai fazer.

“Não vai haver bifanas? O País vai ter de encontrar novas formas de fazer festas mais higiénicas ou vai haver por parte da ASAE uma acção pedagógica e o reconhecimento das especificidades das festas e das tradições”, questionou.

Jorge Reis explicou que tem havido várias reuniões com os organizadores onde foram explicadas a regras de higiene a ter na preparação das festas.

Para o deputado do PCP Agostinho Lopes, muitas destas questões resolviam-se com “bom-senso, diálogo e formação”.

Agostinho Lopes lembrou ainda que as grandes crises alimentares da Europa, como a dos nitrofuranos, a gripe das aves e as vacas loucas, não estavam ligadas à pequena produção mas sim às grandes indústrias.

No entanto, Barreto Dias recordou que “também podem surgir problemas mortais com os produtos tradicionais”, dando como exemplo a brucelose (queijos frescos) e a bactéria listéria que pode estar presente na salsicharia fresca.

“A ASAE interpreta as leis e há critérios estabelecidos para certos produtos”, referiu, considerando que a legislação existente é suficiente para os pequenos produtores.

Fonte: Agroportal

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