Produtores portugueses não aderem à “greve do leite”

Os produtores de leite portugueses não deverão aderir a uma greve, defendida pelos agricultores europeus, pois a suspensão de entregas à indústria iriam agravar mais a sua situação, afirmaram representantes do sector. O secretário-geral da Fenalac (federação que reúne as cooperativas de leite), Fernando Cardoso, avançou que “uma eventual greve só prejudicaria os próprios produtores, que já têm um problema económico” e ficariam sem saber o que fazer com o leite.

O presidente da Associação de Produtores de Leite e Carne (Leicar), José Oliveira, referiu que os agricultores portugueses deste sector estão solidários com os europeus, mas tem dúvidas acerca da forma com será feita a greve. “Se é uma greve de âmbito europeu, estamos solidários. Mas, não entregar leite traria prejuízo para os produtores”, apontou. “Se [a greve] pressupõe não entrega de leite à indústria não estou a ver os portugueses a aderirem porque já têm problemas”, acrescentou José Oliveira.

Organização de produtores franceses decreta greve
Os produtores de leite franceses lançaram ontem uma “greve de leite”, que esperam que alastre pela Europa e obrigue as autoridades a serem mais activas a contrariar a queda de preços no sector. A greve foi convocada “a partir desta noite” e visa contrariar mais de um ano de crise no sector, com queda de preços e desregulação decidida por Bruxelas.

“Peço a todos os produtores franceses e europeus que suspendam as entregas de leite a partir desta noite”, disse o presidente da Associação dos Produtores Independentes de Leite (APLI), Pascal Massol, perante centenas de agricultores franceses e de outros países que se deslocaram hoje a Paris.

Ao lado de Massol pediu estavam outros responsáveis do European Milk Board (EMB), de que a APLI faz parte e que representa mais de cem mil produtores de 14 países europeus (mas não Portugal). “Estão a decapitar a produção leiteira europeia. Não posso a creditar que a Europa não ouça o nosso apelo”, disse Massol, que apelou aos produtores para deitarem o leite fora.

A greve pode no entanto ter pouco impacto, pois a principal organização francesa de produtores opõe-se a ela

Produtores europeus reúnem para definir plano de acção
Os produtores europeus de leite reuniram-se em Paris, para definir um plano de acção que vai incluir medidas “drásticas” para fazer frente à actual crise do sector que se deve à queda de preços. O objectivo do encontro é “debater as bases de um plano para tirar a pecuária leiteira europeia desta grave crise sectorial”, lê-se no comunicado difundido pela European Milk Board (EBM) que convocou a reunião.

No encontro, está prevista a participação de representantes de organizações dos 14 países europeus membros da EBM. Depois da reunião, o presidente da EBM, Romuald Schaber vai explicar, em conferência de imprensa, quais as próximas acções da organização. “O objectivo é definir como pressionar a administração para que ponha em prática as nossas exigências”, adiantou Schaber.

Entre as várias exigências dos produtores de leite, destacam-se a redução imediata de cinco por cento da produção europeia, a instauração de uma base legal para conseguir um mercado auto-regulado por parte dos produtores baseado na procura e na oferta, e a criação de um fundo lácteo na União Europeia.

Segundo Schaber, “é o momento de actuar porque não esperamos nenhuma alteração na direcção da política láctea levada a cabo pela União Europeia, algo que acreditamos ser vital para a sobrevivência das agriculturas europeias”. A organização considera que o debate no Conselho de Ministros da União Europeia de segunda-feira não oferece nenhuma saída da actual situação, que os produtores europeus qualificam de “agonizante”.

Fonte: Anil

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