Produtores de Figo sem Capacidade de Resposta para Grandes Encomendas

A Associação Nacional de Produtores de Frutos Secos e Passados (ANPFSP) está sem capacidade de resposta para satisfazer grandes encomendas de figos frescos, disse hoje à Lusa uma fonte da entidade.

De acordo com Ana Lopes, a ANPFSP recebeu segunda- feira uma encomenda da ordem das 1.000 toneladas de figos frescos, por parte de uma empresa portuguesa intermediária de franceses interessados em figo fresco para congelação, mas, como a colheita está quase a acabar, apenas um produtor respondeu ao apelo que a associação lançou de imediato.

Para a associação, esta oportunidade de negócio para os produtores de figo portugueses pode ser explorada na próxima campanha, uma vez que o preço proposto é bastante interessante em relação ao trabalho e custos que representam todo o processo de secagem, recordando que o figo preto de Torres Novas não tem venda em fresco.

“Se a proposta tivesse surgido no final de Julho, teria sido possível responder, pelo menos parcialmente, à encomenda”, disse Ana Lopes, sublinhando o interesse dos produtores (concentrados sobretudo na região de Torres Novas e no Algarve) em explorarem esta oportunidade de negócio na campanha do próximo ano.

A produção de figo, sobretudo do figo preto de Torres Novas, tem vindo a atravessar uma crise, atribuída ao elevado nível etário dos proprietários, ao tipo de propriedade (minifúndio) e aos custos da mão-de-obra, disse à Lusa Alexandra Carvalho, técnica da ANPFSP que tem estado a desenvolver um projecto em parceria com a Direcção Regional de Agricultura do Ribatejo e Oeste.

Alexandra Carvalho está a tentar identificar todas as manchas de figueiral existentes no concelho de Torres Novas e os respectivos proprietários, de forma a que sejam apresentadas medidas com vista à “reconversão eficiente” do figueiral.

“Dos contactos que tenho mantido no terreno, à procura de indicadores que permitam identificar o que está mal, tenho percebido que a principal causa para a falta de interesse por esta cultura é de origem socioeconómica. Além da divisão da propriedade, a maior parte dos produtores contactados têm idades entre os 70 e os 90 anos, situação que se verifica também na mão-de-obra”, acrescentou.

Segundo a responsável, tanto a recolha como a secagem do figo preto é feita ainda de forma muito tradicional, com a recolha um a um para cestas de verga, o transporte para casa, onde o fruto é colocado em tabuleiros para a secagem e sujeito a escolhas sucessivas, sendo que apenas a primeira escolha acaba por ser comercializada.

O paradoxal é que “existe muita procura”, pelo que, no entender desta técnica, é necessário um “apoio urgente”, pois, se se quer continuar com a produção de figo são precisas “propostas aliciantes”, porque a maior parte dos produtores inquiridos demonstra tendência para desistir, afirmou.

Os primeiros resultados deste trabalho, bem como de um outro relacionado com a mosca mediterrânica (principal praga que afecta o figo), vão ser apresentados durante a XX Feira Nacional e XIV Internacional de Frutos Secos/III Feira do Figo Preto, que vai decorrer em Torres Novas de 01 a 09 de Outubro.

Numa segunda fase o projecto será desenvolvido em concelhos limítrofes, como Tomar, onde existem figueirais “com boa produção”, sendo intenção da ANPFSP alargá-lo ao território nacional, na expectativa de que, com a colaboração do Ministério da Agricultura, possam ser tomadas medidas concretas, adiantou.

Fonte: Lusa

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