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Os preços mundiais dos alimentos atingiram em Janeiro o valor mais alto desde que em 1990 as Nações Unidas os passaram a registar. O índice dos preços alimentares calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) subiu pelo sétimo mês consecutivo, atingiu os 231 pontos e ultrapassou o anterior recorde de 224,1 pontos que se tinha verificado em Junho de 2008, no auge da crise alimentar mundial de 2007 e 2008.
Uma série de acontecimentos meteorológicos extremos em vários pontos do globo durante o último ano, como as enchentes na Austrália, as secas na Argentina ou as tempestades de Inverno nos EUA têm vindo a afectar a produção agrícola mundial. Combinado com o crescimento da procura de alimentos, este fenómeno está a fazer subir para níveis nunca vistos bens como o trigo ou o açúcar.
O cenário, assinalam os responsáveis da FAO, não tem solução rápida à vista e constitui, como já se está a assistir em vários países, uma ameaça muito séria à estabilidade social e económica, principalmente nas regiões mais pobres do planeta. O início da recente convulsão no Médio Oriente foi, em grande parte, motivado pela subida dos preços dos alimentos.
“Estes novos números claramente mostram que a pressão crescente nos preços alimentares não está a abater. Os preços elevados deverão persistir nos próximos meses”, disse ontem a economista-chefe da FAO, Abdolreza Abbassian. Em declarações à Reuters, a directora do Programa Alimentar das Nações Unidas, Josette Sheeran, fez outra previsão pessimista. “O mun- do está a entrar numa era de instabilidade alimentar e de perturbações na oferta. Esta é uma questão muito séria para o planeta”, disse.
No Banco Mundial também se fazem alertas. O presidente, Robert Zoellick, apelou aos líderes mundiais para acordarem para este problema e “colocarem a alimentação à frente de tudo”. “Vamos enfrentar uma ten- dência generalizada de subida dos preços das matérias-primas, incluindo os bens alimentares.”
Fonte: Público
