Portugal votará contra introdução de arroz transgénico na UE

O Governo português vai votar contra a introdução de um arroz transgénico para consumo humano na União Europeia, revelou hoje à Lusa o ministro da Agricultura, António Serrano.

A União Europeia (UE) está a analisar um pedido da empresa alemã Bayer para que seja permitida a comercialização no espaço europeu do arroz transgénico LL62.

“Portugal irá votar contra, ao nível técnico e ao nível político, a entrada desse OGM [Organismo Geneticamente Modificado] em Portugal”, disse à Lusa António Serrano.

Segundo o ministro, “trata-se de um arroz que em muitas análises mostrou algumas fragilidades”.

“É um produto de entrada direta no consumo humano, com muitas reservas científicas, na nossa opinião, para além de concorrer diretamente com variedades portuguesas que queremos proteger, nomeadamente o arroz carolino”, salientou.

Na comissão parlamentar da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, a Plataforma Transgénicos Fora (PTF) alertou hoje os deputados da para os possíveis problemas causados pela introdução deste arroz transgénico.

Segundo Margarida Silva, da PTF, este arroz transgénico “tem sido posto em causa em termos científicos” e não tem merecido o apoio de outros países do espaço europeu, alguns dos quais já anunciaram a intenção de votar contra.

Margarida Silva afirmou ainda que a Plataforma contactou grande produtores de diversas marcas comercializadas em Portugal, que se manifestaram contra o uso de transgénicos no país, assim como o fizeram algumas grandes superfícies comerciais, que garantiram não usar transgénicos nos seus produtos de marca branca.

“Atualmente não há país nenhum no mundo com arroz transgénico para consumo humano em circulação, mas, a partir do momento em que a UE o aprovar, há países como o Vietname e a Coreia que estão à espera de poder produzir este arroz em grande quantidade”, disse Margarida Silva.

Além das reservas científicas, Margarida Silva relembrou que é fácil a contaminação da produção de arroz não transgénico por este arroz geneticamente modificado, o que “representará custos regulares acrescidos para quem quiser manter um sistema de arroz não transgénico”.

“Não é que o arroz transgénico fique mais barato. Ele vai é tornar os outros mais caros”, explicou, considerando que “as pessoas vão deixar de ter direito de escolha, porque nos restaurantes e cantinas o arroz chega aos consumidores sem rótulos” e ainda porque nos supermercados as “pessoas com poucos meios escolherão o arroz mais barato”.

A representante da Plataforma realçou ainda que este arroz “é resistente ao glufosinato [herbicida agrotóxico] que já tem guia de marcha na UE, que proibiu a sua utilização a partir de 2017 por ser considerado potencialmente perigoso para a saúde” e “responsável por problemas como a desregulação hormonal”.

Portugal é o país da UE com maior produção e maior consumo de arroz. Até agora, em Portugal apenas são permitidos alimentos transgénicos englobados na alimentação animal.

Fonte: Agroportal

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