Pescas: Mobilização de pescadores europeus continua com greves e manifestações

O descontentamento e a mobilização dos pescadores europeus contra o aumento acentuado do preço dos combustíveis continua hoje, com “greves ilimitadas” ou manifestações previstas para os próximos dias em Portugal, Espanha, França e Itália.

Em Portugal, Espanha e Itália, a “greve ilimitada” iniciada sexta-feira pelos pescadores que exigem ajudas económicas a nível nacional e europeu prossegue hoje.

Mas uma primeira brecha no movimento ocorreu em Espanha, com a decisão dos pescadores da Catalunha (nordeste) de retomar a actividade segunda-feira, quando tinham sido os primeiros a paralisar a semana passada.

O movimento de “greve ilimitada” continuava, no entanto, hoje naquele país, embora de modo mais teórico dado a actividade dos pescadores ser tradicionalmente muito reduzida ao domingo.

A Cepesca, que representa a pesca de alto mar e agrupa 1.400 grandes e médias empresas do sector em Espanha, reúne-se terça-feira, para decidir como prosseguir a luta, não estando até ao momento prevista qualquer reunião com o Governo espanhol.

Em Portugal, confrontos entre pescadores, comerciantes e forças da ordem marcaram a tarde de sábado, em Matosinhos.

Pescadores em greve bloquearam o acesso dos comerciantes à DocaPesca, onde estes se vinham abastecer, e destruíram cerca de uma tonelada de peixe.

Um polícia e um armador ficaram feridos nos confrontos, que levaram o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, a apelar para a moderação.

“Espero que o diálogo acabe por conduzir a resultados positivos de acordo com os superiores interesses do país”, declarou Cavaco Silva, quando a quase totalidade dos barcos de pesca do país estão em terra desde sexta-feira.

Já hoje, armadores e pescadores nortenhos decidiram, em plenário, que vão mobilizar piquetes para travar a eventual entrada de pescado espanhol nas lotas de Matosinhos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde e que vão manter a greve “por tempo indeterminado”.

Em Itália, onde os pescadores estão igualmente em greve desde sexta-feira, está prevista para terça-feira ou quarta-feira uma reunião entre os profissionais e o ministro da Agricultura, Luca Zaia.

Em caso de fracasso nas negociações, alguns pescadores são favoráveis a um bloqueio dos portos turísticos, indicou Alessandra Fabri, porta-voz da Federcoopesca, principal federação dos pescadores italianos.

Em França, depois de 15 dias de mobilização dura, o mundo da pesca “entrou numa fase de espera”, segundo Hubert Carré, director do Comité Nacional das Pescas (CNPEM), que não prevê para já acções a nível nacional.

“A maioria dos comités regionais apelou para o regresso ao trabalho. Se existem acções (esta semana), elas serão mais ao nível de Bruxelas”, explicou, quando está prevista para quarta-feira, na capital belga, uma manifestação de pescadores portugueses, franceses, espanhóis e italianos.

Os camionistas e os agricultores seguiram em França o protesto dos pescadores com várias marchas lentas previstas para segunda-feira pela Federação Nacional dos Transportes Rodoviários (FNTR), enquanto os agricultores continuam a bloquear depósitos de combustíveis em Bourgogne e Rhône-Alpes.

Os camionistas espanhóis também ameaçam mobilizar-se nos próximos dias, com um pré-aviso de “greve ilimitada” lançado pela segunda organização patronal do país, a Fenadismer, para 08 de Junho e um apelo idêntico a partir de 06 de Junho por um outro grupo de transportadores.

No Reino Unido, após a manifestação da semana passada de camionistas no centro de Londres, são os pescadores que seguem a luta esta semana com um apelo a uma manifestação terça-feira, diante da Secretaria de Estado da Pesca, na capital britânica.

Fonte: Agroportal

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