A subida dos preços da comida e de matérias-primas como o trigo tornará o orçamento do Programa Contra a Fome das Nações Unidas insuficiente para continuar a alimentar anualmente 90 milhões de pessoas, afirmou ontem uma responsável.
Em entrevista ao diário britânico Financial Times, a directora executiva do Programa Alimentar Mundial (PAM), Josette Sheeran, explicou que devido ao aumento dos preços da comida e das matérias-primas, a ajuda do programa das Nações Unidas (ONU) servirá para alimentar “muito menos gente”.
Segundo o PAM, nos últimos cinco anos os preços de alimentos subiram quase cinquenta por cento, sendo que alguns produtos, como o milho, custam hoje mais 120 por cento do que há meio ano atrás.
De acordo com Sheeran, o aumento da produção de milho, trigo e soja para dar resposta à crescente procura de biocombustíveis encarece ainda mais os alimentos, cujo preço já é elevado devido à crescente procura para abastecer a China e outras regiões assoladas pelo mau tempo.
Esta entrevista surge numa altura em que vários actores da comunidade internacional vêem no aumento da produção mundial de biocombustíveis, o risco de que plantações com fins energéticos tomem o lugar das culturas alimentares.
Porém, segundo Sheeran, os políticos já estão a tomar consciência do impacto que a procura de biocombustiveis tem no preço dos alimentos.
O Programa Alimentar Mundial, que em 2006 contou com um orçamento de 600 milhões de dólares, alimenta 90 milhões de pessoas em países africanos como o Chad, o Uganda e a Etiópia, mas abrange apenas uma parte dos 850 milhões de pessoas que se estima que passem fome no mundo.
Fonte: Agroportal