OMC: Brasil Considera Proposta Agrícola da UE «Insuficiente»

O ministro das Relações Exteriores do Brasil considerou a proposta apresentada sexta-feira pela Comissão Europeia para tentar avançar nas negociações agrícolas na Organização Mundial do Comércio (OMC) como “um passo positivo, mas insuficiente”.

“A proposta europeia tal como está não é suficiente. Eu diria que, claramente, a pressão continua para a União Europeia”, afirmou Celso Amorim.

De acordo com o ministro brasileiro, os cálculos feitos, tanto pelo Brasil, como pelos Estados Unidos e Austrália, indicam que a UE ofereceu um corte médio nas suas tarifas alfandegárias de 39 por cento.

“Foi pouquíssimo mais do que a oferta apresentada durante a Ronda Uruguai, que era de 36 por cento. É um corte médio muito modesto”, assinalou Celso Amorim.

Os cálculos dos brasileiros, norte-americanos e australianos sobre a proposta da UE, que foram coincidentes, divergem dos números divulgados sexta-feira pela Comissão Europeia.

Em comunicado, o órgão executivo da União Europeia assinalou que a média dos cortes das tarifas na nova proposta é de 46 por cento e que as reduções “vão além da primeira oferta da UE e muito mais além ainda do que as obtidas durante a Ronda Uruguai”.

Segundo Celso Amorim, houve cerca de 10 a 12 pontos percentuais de corte em relação à primeira oferta apresentada pelos europeus, o que é um “aspecto positivo”.

“Mas a nova oferta fica ainda bastante distante da proposta do G-20 (grupo de países em desenvolvimento) e mais distante ainda da proposta norte-americana”, destacou.

Em linhas gerais, a proposta do G-20 é de um corte médio de 54 por cento nas tarifas alfandegárias sobre os produtos agrícolas, enquanto os norte-americanos propuseram um corte médio de mais de 60 por cento.

“Estamos a 38 minutos do segundo tempo de jogo e o placar continua indefinido”, afirmou o ministro, fazendo uma analogia com o futebol sobre o tempo cada vez mais curto até à reunião ministerial de Hong Kong, em Dezembro.

O chefe da diplomacia brasileira ressaltou ainda que a proposta europeia não dividiu países desenvolvidos e em desenvolvimento, nem tampouco os integrantes do G-20.

“Ninguém considerou a nova oferta da União Europeia suficiente”, referiu.

Celso Amorim disse ainda que “não se pode esperar que países em desenvolvimento façam uma oferta maior em produtos industriais do que os países desenvolvidos na área agrícola”.

O ministro brasileiro evitou, contudo, ser pessimista em relação à reunião ministerial de Hong Kong.

“Até a um décimo da hora estaremos trabalhando para o êxito da Ronda de Doha, que é um empreendimento único”, sublinhou, lembrando que haverá uma videoconferência sobre o assunto no próximo dia 02 e um novo encontro com os negociadores europeus no dia 08, em Bruxelas.

Fonte: Lusa

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