Língua Azul: Nova estirpe que ataca Europa do Norte ainda sem vacina preocupa autoridades veterinári

Uma nova estirpe da doença da Língua Azul em desenvolvimento no Norte da Europa, para a qual ainda não há vacina, está a preocupar as autoridades portuguesas, revelou ontem o director regional da Veterinária, Agrela Pinheiro.

Falando à agência Lusa à margem de um seminário sobre a doença realizado na Direcção Regional de Agricultura do Algarve, em Faro, o responsável garantiu que os serviços de veterinária do Ministério da Agricultura e Pescas estão atentos à evolução do serótipo 8 da doença e já tomaram medidas profiláticas para tentar impedir a sua entrada em Portugal.

Por outro lado, Agrela Pinheiro revelou que a campanha de vacinação ontem iniciada em animais infectados com o serótipo 1 da doença – o tipo de isótipo mais comum em Portugal, que também é afectado pelo isótipo 4 – se deverá prolongar por três a cinco anos, já que o período em que faz efeito é de cerca de um ano.

Todavia, o isótipo 1 deverá terminar o seu período de efeito útil já em Dezembro, se a baixa de temperaturas o permitir, uma vez que o insecto indutor do vírus não se adapta a temperaturas de menos de 10 graus.

Quanto ao isótipo 8, surgiu na Bélgica há mais de um ano e alastrou-se rapidamente à Alemanha, Holanda, Norte de França e, mais recentemente, à Suíça.

Sobre as medidas que as autoridades portuguesas estão a tomar, Agrela Pinheiro afirmou que a primeira delas é estabelecer controlos sobre a importação de animais infectados, o que, garantiu, está a acontecer.

Revelou que o Ministério da Agricultura e Pescas tem uma base de dados em que controla os movimentos dos animais afectados.

Contudo, frisou, nenhum tipo de doença da Língua Azul é transmissível ao homem e o consumo de carne é “absolutamente seguro”.

De acordo com o director geral de Veterinária, a nova estratégia da União Europeia no combate à doença deverá passar por atribuir incentivos à descoberta de uma vacina para todos os tipos de isótipo, já que actualmente nenhuma delas é comum a qualquer outra no combate a cada uma das estirpes.

Bruxelas deverá assim apelar à indústria farmacêutica para que acelere as pesquisas naquele domínio, sublinhou, lembrando que as grandes quantidades de vacinas necessárias para o gado europeu deverão constituir um estímulo aos fabricantes.

Quanto à presente campanha de vacinação, que ontem arrancou com uma acção simbólica Herdade de Casas Novas, Coruche, com a participação do ministro da Agricultura, Jaime Silva, Agrela Pinheiro acentuou que para a primeira inoculação da vacina deverão ser necessárias 1,5 milhões de doses, necessárias para outros tantos animais ruminantes existentes na zona restrita, genericamente, a sul do Tejo.

Uma vez que haverá uma segunda – e última – inoculação, em que serão gastos outros 1,5 milhões de doses, e as doses chegarão a Portugal ao ritmo de 500 mil por semana, o trabalho deverá estar concluído ao fim de três semanas, acentuou.

Todavia, dentro de cerca de um ano serão necessárias novas doses, de novo para toda a população pecuária de risco, isto é, ovinos e caprinos.

Os reais efeitos da vacina apenas se farão sentir na Primavera, quando voltarem os riscos de propagação do vírus, já que os insectos transmissores não sobrevivem ao Inverno.

Além do controlo da área restrita – com uma campanha de vacinação que começou na zona de fronteira com a área não afectada (o Centro e Norte do País) -, as autoridades veterinárias estão também a controlar as populações do insecto responsável pela transmissão da doença, afirmou um especialista durante o seminário.

Até ao momento morreram 5.360 animais, num total de 163.000 infectados, em 720 explorações, o que representa um índice de mortalidade de 3,5 por cento.

O primeiro caso de Língua Azul motivado pelo serótipo 1 surgiu pela primeira vez em Portugal, a 21 de Setembro, na zona de Barrancos (Alentejo), tendo, em colaboração com os serviços veterinários espanhóis, sido obtida uma vacina contra este serótipo.

A vacina é oferecida pelo Estado espanhol a Portugal, já que a doença chegou àquele país antes de chegar ao Alentejo e Algarve, através de insectos que terão chegado directamente de Marrocos, há menos de dois meses.

Fonte: Agroportal

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …