Importações de leite aumentaram 50 por cento

As cooperativas produtoras de leite, reunidas na Fenalac, acusaram a grande distribuição de ameaçar a produção em Portugal por estar a importar muito do que vende. Citando dados do INE, a federação indica que as importações aumentaram, este ano, 50 por cento em volume. O leite importado já pesa 25 por cento nas vendas totais.

O consumo de leite fresco em Portugal atinge as 950 mil toneladas por ano. Os dados do Instituto Nacional de Estatística mostram que, no primeiro semestre de 2007, as importações equivaliam a 16 por cento do total, valor que aumentou para 25 por cento nos primeiros seis meses deste ano. Espanha (cerca de 80 por cento) e França (restante) são os principais fornecedores de leite que constitui excedente de produção e é vendido a preços mais baixos. Os produtores queixam-se também da descida dos preços à produção, um problema no qual o Governo já disse que não se quer imiscuir, embora admita medidas de apoio ao sector.~

Segundo a Fenalac, depois de 2007 ter sido um ano difícil devido à falta de matéria-prima e ao aumento dos custos de produção, houve uma recuperação da produção nacional em 2008. Porém, apesar de maior oferta de leite no mercado, a comercialização não acompanhou porque as grandes superfícies “têm optado ostensivamente pelas importações de leite, através das suas marcas próprias”.

Apesar de salientarem que a situação não tem nada de irregular, consideram que esta opção da distribuição “resulta de uma visão puramente economicista de selecção do abastecimento em função do preço e é extremamente redutora, apresentando diversos perigos”. Estes dizem respeito à “indiferença” perante a preferência dos consumidores por produtos nacionais, à instabilidade do abastecimento no estrangeiro e às oscilações dos preços da matéria-prima.

Por isto tudo, dizem, a sobrevivência da fileira láctea nacional pode estar em causa por não conseguir escoar os seus produtos. E queixam-se que “a produção de leite tem vindo a debater–se com sérias dificuldades, em resultado do aumento do preço dos factores de produção e dos combustíveis, dos obstáculos ao licenciamento da actividade e da sua não nomeação como sector prioritário no acesso aos fundos do Desenvolvimento Rural.”

Pedem à distribuição “que repense as suas opções, numa perspectiva de médio/longo prazo, e não tome as suas decisões única e exclusivamente em função de um critério – preço”. Ao Estado, apelam que sejam assumidas “as suas responsabilidades em matéria de regulação da concorrência”.

Na semana passada, em Vila do Conde, o ministro da Agricultura já tinha reagido a este problema, assegurando que “o Governo não vai intervir”, apesar de ser “sensível” às queixas dos produtores. Segundo os produtores, o preço do leite desceu cinco cêntimos em Junho e mais dois cêntimos este mês, estando agora nos 36 cêntimos por litro.

Fonte: Anil

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