Homens mais apoiados que mulheres quando perdem peso

Os homens têm maior apoio familiar no momento de perder peso e mesmo quando mantêm os quilos a mais são desculpabilizados pela sociedade, enquanto as mulheres são discriminadas a nível amoroso e do trabalho, segundo especialistas.

Na sua prática clínica, a psicóloga Maria João Fagundes no Hospital de Santa Maria (Lisboa) acompanha mulheres que – ao contrária da maioria dos homens – estão sozinhas na luta contra o peso.

Por exemplo, conta, têm de fazer três pratos diferentes para uma só refeição – uma para si, outra para os filhos e outra para o marido – e com falta de tempo para caminhar depois do jantar por terem que arrumar a cozinha.

«E são mulheres com três ou quatro filhos com 20 anos», notou a psicóloga à Lusa, referindo que apesar de «felizmente, não ser sempre assim» essa tendência observa-se na população seguida no maior hospital do país. Ao contrário dos homens, quando uma mulher cuida de si própria é visto como algo «extra-familiar».

Também a presidente da Associação Portuguesa de Nutricionistas, Alexandra Bento, faz eco desta realidade, lembrando os «apelos intensos desde muito cedo para a gestão de peso» no sexo feminino e a «questão cultural» de ser a mulher a coordenar o dia-a-dia familiar.

«Os homens quando decidem perder peso têm uma determinação muito forte e quase sempre começam por conselho médico devido a problemas de saúde, como diabetes, colesterol ou doenças cardiovasculares», indicou.

A psicóloga Maria João Fagundes acrescentou ainda que os «homens alteram o comportamento com mais facilidade e as suas famílias unem-se para o ajudar a perder peso, para o preparar para uma cirurgia, para a comida que se faz a seguir e para o tempo necessário para que ele faça ginástica e ande a pé».

Fora de casa, o género masculino também sai mais beneficiado e quando têm «mais 10 ou 20 quilos que o seu peso considerado saudável, os amigos não dizem que estão desleixados e até brincam e dizem que se trata de uma barriguinha de casado, que se nota a entrada nos 40 ou então que é a boa-vida de solteiro».

«Há sempre uma explicação positiva», resumiu a psicóloga, enquanto indica que as mulheres com excesso de peso ou obesas são acusadas de não cuidar de si, de desleixo e são discriminadas no trabalho, nas escolhas de parceiro e mesmo nas lojas de roupa.

A especialista refere, porém, estudos que podem serenar o sexo feminino: os homens «são mais benevolentes consigo próprios e com as mulheres» e a imagem que estas têm de peso e silhuetas ideais «não é a mesma dos homens».

Recordando sempre que a «obesidade é uma doença e os obesos são pessoas», Maria João Fagundes enumerou outros problemas comportamentais ligados ao peso transversais a homens e mulheres, como o objectivo de emagrecer muito em pouco tempo e criar «fantasias» em redor dessa vontade.

«As pessoas acham que por emagrecer depois ficam mais giras e o outro sexo vai gostar muito de si, conseguirão um emprego óptimo e mudarão de casa», exemplificou a especialista, não deixando de criticar as «mensagens criminosas» que são por vezes transmitidas pela publicidade e que associam a perda de peso ao aumento da auto-estima.

«Nas pessoas com obesidade que já têm dificuldade em cumprir a tarefa de perder peso. Todos os anúncios e alguns discursos pseudo-científicos que associam perca peso e aumente a auto-estima ainda inibe sobrecarregam e minimizam mais essas pessoas», alertou.

Fonte: Diário Digital

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