Guiné-Bissau: Arroz desapareceu misteriosamente depois do Governo tentar impedir aumento de preços

O arroz desapareceu misteriosamente do mercado na Guiné-Bissau nos últimos dias, devido ao facto de os comerciantes pretenderem aumentar o preço contra a vontade do Governo, que teve que intervir juntamente com o Procurador-Geral da República (PGR).

Segundo o director-geral do Comércio e Concorrência, Jaimantino Có, os comerciantes decidiram “fechar os armazéns” alegando que o Governo não os deixa vender o arroz a preços que rondam os 20 mil francos CFA (30,53 euros) por saco de 50 quilogramas, em vez de 15 mil francos CFA (22,90 euros), como está combinado com o executivo.

A semana passada, o Governo reuniu-se com os comerciantes e importadores de arroz, tendo ficado combinado que um saco de 50 Kgs não poderá ser vendido por mais de 15 mil francos CFA.

O Governo da Guiné-Bissau decidiu também isentar em mais de 70 por cento as taxas aduaneiras de importação de arroz, base da dieta alimentar dos guineenses, para fazer face ao aumento dos preços dos cereais no mercado internacional.

“Combinámos uma coisa e estão a querer fazer outra coisa. Nada justifica que o arroz seja vendido por mais de 15 mil francos CFA por saco. É um absurdo, o Governo não pode permitir isso”, defendeu Jaimantino Có.

A posição do Governo não tem tido eco junto dos comerciantes, uma vez que, desde o último fim-de-semana, desapareceu o arroz dos mercados e dos postos de venda de Bissau.

No mercado do Bandim (principal centro comercial da Guiné-Bissau) um saco de arroz pode custar mais de 20 mil francos, mas os vendedores têm os sacos escondidos.

O director-geral do Comércio e o Procurador-Geral da República, Luís Manuel Cabral, visitaram, quarta-feira, diferentes armazéns de revenda do arroz para verificar se há ou não arroz nos estabelecimentos.

“Ouvimos as vozes dos cidadãos nos órgãos de comunicação social, parece-nos que estamos perante um crime público. Sendo a procuradoria o garante e fiscal da lei, tivemos que intervir”, explicou o Procurador.

Um comerciante paquistanês foi convocado para prestar declarações na procuradoria sobre os motivos pelos os quais se recusa a vender arroz ao público, disse à Agência Lusa fonte do Ministério do Comércio.

A mesma fonte indicou que a procuradoria pretende instaurar um processo ao comerciante sob a acusação de desacato.

A directora-geral da Polícia Judiciária, Lucinda Barbosa Aukarié, também anunciou que está pronta para colocar os seus agentes no terreno para, em colaboração com os fiscais do Ministério do Comércio, verificar quem pretende “matar o povo à fome”.

Numa barraca de venda a retalho no bairro de Santa Luzia, um quilograma de arroz, até aqui vendido a 300 francos CFA, custava ontem 500 francos CFA.

No entanto, de um momento para o outro, o dono da barraca simplesmente diz que já não tem arroz, mesmo que o cliente queira comprar por 500 ou por 1.000 francos CFA o quilograma.

Convocado ao Parlamento para explicar ao país o que se passa, o ministro do Comércio, Indústria e Artesanato, Henry Mané, disse que o ministério já está a tomar as medidas correctivas contra os “comerciantes prevaricadores”, mas sublinhou que a melhor solução para atenuar o aumento do preço dos alimentos é o reforço e diversificação da produção local.

“Temos que compreender que acabou o tempo do alimento barato”, frisou Henry Mané.

Fonte: Agroportal

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